Monday 28 December 2009

To pretend

That's your inability; to accept fate. Fate is not your life written down on stone like you want to believe, is your life being guided around by whispers and uncanny coincidences that are thrown around you, you just like to pretend you don't notice.
You need to talk, then talk. I'm sure the walls will listen, they listen to it all. They're austere and complete like you wish you were.
Alright, shed a tear or a million ones, drown your sorrows in every bottle, don't eat for days, watch horrible films with miserable endings or miserably happy endings, walk around the room looking for a book that will keep you away from the answer, pretend you don't want to know, keep writing and writing until you can't tell love from dust, what else there is to do?

Everyday, at 6 am, you go to bed and dream about the open sea and that wave of fate that will help you drown. There's hope for you yet.

Saturday 19 December 2009

Fated

Não é noite que me chama, muito menos as luzes que despertam ao longe. É alguém de dentro que sabe a hora de todos os momentos do mundo. O destino me fez cega guardiã do tempo, à espera de uma essência ou sinal de vida vindo de muito além.
Minha hora é entre eu e o vento.
Na tontura real da vida, seleciono as informações mais tolas para definir as pessoas; minha avó mandou plantar jasmins debaixo de sua janela para sempre ter um quarto perfumado, o gato gosta de me ver tomando banho e se enrosca no tapete do banheiro quando tiro a roupa, a gata me lambe a minha mão em súplica quando está irritada, minha mãe passa o dia procurando coisas para fazer sempre esperando por algo que virá a seguir sem nunca se plantar em momento algum, a irmã mais nova entende minhas piadas, a do meio se ofende com elas, uma tia critica, a outra é criticada, aquela amiga gosta de cores indefinidas, aquela outra de cores intensas, aquele amigo ondula os braços no ar, mexe as pontas dos dedos devagar sobre teclas imaginárias sobre sua cabeça, aquela conhecida me corta em mil pedaços com o olhar, mas alivia isso com palavras doces e vagas, aquele conhecido me contorna inteira com o olhar e me fala como se eu não fosse nada. São tantas as espressões, as causas, faltas, livros, filmes e citações, o que escolher? Seria preferível deixar a sorte escolher por mim, deixar os astros, os números nas ruas, as cartas me indicarem o que ter, o que levar comigo e quem levar junto.
Seria mais confortável não ter que passar a vida me decidindo e sacrificando ou, simplesmente, não me importar, mas talvez seja o meu destino também enxergar além dos rosto e das palavras e sentir cada impacto e cada tombo, até os de outrem. E quem sou além de uma criatura reles e vil à pilhar ao redor desse pequeno universo? O que há em mim para questionar essas forças irracionais e implacáveis que tecem o tecido da vida e me prendem à sua rede? Essa leve humildade, essa quase falta de força de vontade é que me faz ser assim bem eu.

Friday 18 December 2009

A well-timed smile

Um plano que desbrava os horizontes.

A secura desse deserto, cada gota de estrela, cada tristeza bem pequena, tudo catalogado. Guardo o meio em volta, feito uma romântica, uma gótica, e justifico meios anseios e medo através das folhas e das tempestades.
O vazio que aconchego no peito é maravilhoso, tenho esses dias extensos e ocos que posso preencher com qualquer coisa, qualquer um pode ser dono do meu coração. Os conflitos de ter, ser, compreender, ouvir a voz que cala todo o resto, desaparecem na curva da estrada dessas águas impetuosas.
Levante os braços do jeito que fazem as árvores cansadas do parque. E sorria a paz de não ter paz ou peito para se quebrar.
As amarras irão se soltar, menina, você é grande demais para ser arrastada assim. Amanhã será um dia imenso, sirvar-se dele, não desperdice nenhuma sobra de nada, abrace quem tiver que abraçar, chore as lágrimas mais bonitas que esse mundo já viu e traga aquele sorriso, ah, aquele mais doído, você sabe, que faz a vida rolar.

Ulysses

summary :

I cannot rest from travel; I will drink
Life to the lees. All times I have enjoyed
Greatly, have suffered greatly, both with those
That loved me, and alone...
...I am a part of all that I have met;
Yet all experience is an arch where through
Gleams that untravelled world whose margin fades
For ever and for ever when I move.
How dull it is to pause, to make an end,
To rust unburnished, not to shine in use!
As though to breathe were life! Life piled on life
Were all too little, and of one to me
Little remains; but every hour is saved
From that eternal silence, something more,
A bringer of new things; and vile it were
For some three suns to store and hoard myself,
And this gray spirit yearning in desire
To follow knowledge like a sinking star,
Beyond the utmost bound of human thought...
...Come, my friends,
'Tis not too late to seek a newer world.
Push off, and sitting well in order smite
The sounding furrows; for my purpose holds
To sail beyond the sunset, and the baths
Of all the western stars, until I die...
...Though much is taken, much abides; and though
We are not now that strength which in old days
Moved earth and heaven, that which we are, we are,
One equal temper of heroic hearts,
Made weak by time and fate, but strong in will
To strive, to seek, to find, and not to yield.

– Alfred Lord Tennyson

Thursday 17 December 2009

The book I refused

As teclas voam, mas as horas se arrastam. Já calculo o tempo entre os cigarros e me recordo de como escrever deve ser fácil, senão não vale à pena. Bukowski entendia isso e teclava insandecidamente sobre uma sociedade para a qual ele dava pouco valor. Cada um na sua, o que para ele era simples, relatar sem rodeios o que ele via além de cada cena, para mim doe tudo, pouco sei do que sei sobre aquele mendigo e seu cachorro louco, aquela melancia podre no porta-malas do carro, aquele vizinho estranho que me observa da janela da sala, gostaria que fosse também simples recriar esses pequenos universos. Teclo e não sei mais se explico, os segundo me queimam, a confusão de precisar entender faz da minha escrita um desperdício de palavras rasas e pausas. Poderia falar dos outros, explicar os outros e parar de dentro de mim. Quem sabe amanhã, terei meu novo tema, serei esplendorosa, saborosa e rimada.


Serei um livro bem lido.

Saturday 5 December 2009


On the surface, simplicity. But the darkest pit in me is pagan poetry...



Signo de elemento terra. Segunda Casa, a das possessões. Planeta do Amor e todas as suas consequências grotescas. Touro.



Minha voz suprema não é ser, é ter. Ter para poder ser. Meus rituais são oferendas, são sacrifícios físicos. Não sei se os deuses compreendem isso, se aceitam minha rendição de posses como algo de genuína humildade, mas é tudo que sei. Eu tenho amor e não tenho amor, tenhos os olhares, sorrisos, os livros, os passos errantes em volta das horas, tenho a lua e a noite na vigília, tenho as palavras, as que roubo, as que esbarro e as quebro nas bocas dos outros. Tenho a tentativa fraca de cuidar da memória, guardar o retrato nítido, esconder a última nota, o último gemido no bolso.

Já quase não fico dentro da pele, meu sangue ralo corre devagar, desvia e desagua no grande vazio de mim, mantenho nas gavetas as peles que encontro em cima dos braços que me seguram, não me conseguem soltar, não são capazes de não me esbarrar, enquanto só quero estar ausente de mim. Quero ser sepultada em outros corações.



Talvez a maior dor da terra é ver seus filhos voltando à ela mortos. Enterre-me viva, que eu seja colada na palma da mão do mundo que pulsa aos meus pés, que ele seja meu também. Que daqui e para bem à frente daqui, eu seja a dona de minhas posses, que todas as minhas cores, ventos, lençóis, beijos, cada átomo de célula tenha um nome, um endereço, algo a que voltar. Que vá você para o inferno se não quer ser de ninguém, que eu contradiga a liberdade e diga que é minha, não sua. Sua voz ecoando no corredor é minha, suas águas violentas, suas folhas azúis, todo o vago sentimento de desapego da vida que você sente quando cai a tarde e tomba o seu rosto pra baixo, que isso seja meu também.



A mãe terra sussurra à noite às vezes, explicando como entendi tudo errado, todo taurino entende errado, ama errado, sonha errado. Nossas possessões são nossas mãos taurinas, nossos cascos, que temos que usar para enraizar coisas, tipo cebolas e feijões. Nada além. Temos que pegar os souvenirs de viagens que nossos parentes fizeram pela remota Ásia, nossos sapatos caros, telefones, blocos de notas com poemas bêbados, lanternas e perfumes e jogá-los nos trauseuntes, gritando e girando e puramente sendo sendo sendo e tendo assim o mundo... pra fora, pra dentro, derramado em todas as direções.

Wednesday 2 December 2009

Rotten

Do jardim vejo as luzes da cidade. Parece até que vivo em uma cidade, que por aqui há vida. Pena que só me sinto numa cidade quando há ambulâncias correndo e recortanto o trânsto das 19hs.


Desde criança me interessei somente pela vida anti-burguesa e isso nunca foi uma visão política das coisas, simplesmente, um interesse estético e talvez um pouco emocional.


Deitava no terraço da casa da vó e julgava em voz alta quais das estrelas já teriam morrido. Contava a mim mesma histórias sofridas com finais dramáticos cravados em pedras. Tudo muito rutilante e estrondoso. Admirava o perigo das ruas distantes que nunca veria, e o perigo sempre chamou a atenção por não ter retorno ou segundas chances. Somente nos extremos descobri a purificação do espírito.


Amo loucamente hoje em dia, com o desespero desmedido, extrapolado, com o coração nos pés e a cara amarga retorcida em um sorriso cinicamente auto-crítico. Sinto-me tola por ter tanto medo de tentar de novo. Ao mesmo tempo que me pego pensando se não morreria de tédio e desistiria de amar se fosse fácil.


Penso nos bares e noites escuras, nessa boemia catártica na qual não vivo. Penso em abandonar minha vida em algumas dessas ruas distantes, mas nunca aprendi como se chega nelas.


Olha, entendo que talvez eu perca, tenho todos os sintomas de uma perdedora terminal e não adianta escrever de uma maneira poética sobre essa merda, amor não é poético, amor é uma foda suja e cansativa e fantástica, o que eu quero ver é o sangue rolando. Vou à guerra pela guerra e já nem penso em qualquer túnel ou luz além. And that is that, my friend.

Tuesday 1 December 2009

Future reflections

Perder a essência das letras, isso é fácil. A cada 34 dias, as palavras transformam-se em meros símbolos impressos. A essência dos dias esvai-se logo em seguida, depois a música já não serve para nada, somente enxaquecas. Os rostos em volta diluem-se com as sombras, as palavras que tropeçam de suas bocas são como dois bastões de ferro entrando em choque, assustam-se, assim, rapidamente me afasto deste confronto horrendo. O que preciso agora é de um bálsamo da Amazônia, o óleo da vida, para me desintoxicar desse ar, dessa ausência do alguém, desse véu de palavras que descem sobre mim sem dó.


A lista de decisões para o futuro próximo hão de ser consideradas devido ao momento. Deixe-me ver, tenho então: me desapaixonar, desistir da universidade, aprender fotografia, aprender a dirijir e a gostar de vinho, aprender italiano, francês, sueco, islandês, koreano, alemão e russo, ler os livros do meu quarto, ler Proust, Miller, Woolf, Joyce, Eco, Bukowski e Abreu por completo, tomar sol, arranjar um emprego que pague mais de 600 reais... sérião, daqui pra frente, fazer coquetéis com ingredientes diferentes de vodka+alguma coisa doce enjoativa, passar a curtir o Natal, voltar a comer carne, change my taste in men, ir à festas no Lago Sul, atender telefones, comer mais do que 2 refeições por dia, e não, café não conta como refeição, voltar para Santa Catarina, cozinhar arroz, só arroz e não sopa de arroz, beber todos os dias até o Ano-Novo, entrar para um coral, aprender a andar de bicicleta e a fazer fantoches de meia.


Parece piada, e é um pouquinho, quando digo saber prever o futuro. Noto os sinais pelo canto do olho, pelo movimento do vento, pelo o quão forte aperto as unhas na palma da mão, e de repente, sei o caminho do dia. Mas cansei. Emurro as horas de olhos fechados from now on. Não quero mais saber da derradeira chance, do buraco negro da solidão, do cego desespero que grita por dentro quando a náusea me embala em seus abraços.


Só números imaginário agora, só respostas vãs.

Monday 30 November 2009

It can't come quickly enough

Fuck it, fuck it all to the deepest pits of hell. You believe in the japanese sayings, oh well.


Tehy all tell you the same things every time: about temples, older brothers and departures. You know the answers already, you saw them on every single street sign today. So what's the point of browsing through random pages of the random book you manage to get your hands on? Just to find an alternative? You know, that's what telephones are for.


It's about time you learn that not every handshake holds a promise and that the ticking of the clock doesn't give a shit about your feelings.


It's a fabulous thing when you realise your life has been changed, but does it have to come to this? Where are my pink tinted glasses? Where are the sparks and clouds and sunny smiles? All I have are bleak days and a staggering hope that will certainly crush me to the ground one of these days.


No more blue skies for me from now on. Next year, perhaps.

Friday 27 November 2009

Still life

- Seu jardim está precisando de uma bela tosa, hein?


- Haha. Minha avó plantava babosas n...


- Babosa?


- Aloe Vera.


- Ah.


- Então, ela às plantava no jardim para fazer chás, cremes e poções misteriosas quando estava com câncer.


- Umm, legal, isso ajudou?


- Não, ela morreu no ano seguinte, mas foi bonito vê-la tentar...

Wednesday 25 November 2009

Misery

Colo meu rosto às mãos e daqui não saio.

Das ondas nada levo de volta comigo.

Finjo que caio quando caio e caio alto.

A paciência não é uma virtude, é uma sina.

Os corredores da memória esvaziam de tempos em tempos

e tudo se torna distante e vago como viver do outro lado das coisas.

Do outro lado da rua da vida.

A vontade é de abandonar tudo e todo mundo pelas esquinas e não sofrer mais.

Dou muito valor às coisas poucas, às mais fracas, o que mais amo é o passarinho que caiu e morreu antes de aprender à voar como os outros.

Então, beberei e pedirei a destruição de corpos e não voltarei mais atrás, pois o que eu quero é a morte.

A morte que desça e dance o tango mais bonito em cima de tudo que perdi e que eu dance também.

Dance para fora dessa festa escrota.

Espero por mim na sargeta.

Sunday 22 November 2009

The wild heart

Sem o orgulho e a dignidade de Estela, é assim que vou. Agarro-me à calda de uma nuvem e girando vou. Se do espírito romanesco (lê-se estúpido e ensandecido) conseguissem me afastar, facilmente morreria, seria como partir a espinha.


Dos impulsos da carne aos ímpetos da alma, dos delírios matutinos aos sobressaltos noturnos, sei da minha índole de caçadora de sonhos e lágrimas. Quando criança, desejava ser um soldado e morrer bem doído em alguma guerra na áfrica. Ao crescer, me imaginei um gigante esmagando com a ponta dos dedos dos pés todas as pessoas que amo. Me imaginei como a bruxa má do leste e do oeste, algum vilão de Scooby-Doo ou fantasma de Ghostbusters. Sonhei com enchentes, vulcões cuspindo lava, terceiras, quartas guerra mundiais, loucos varridos com metralhadoras acertando as pessoas em sua volta dentro de algum shopping ou fast-food. J.G Ballard, se em abril não tivesse abraçado a morte, me diria que sofro do maior mal da vida moderna: o tédio. Acontece é que não estou sofrendo, não o suficiente, não como já sofri antes, o tédio de hoje é a porra de um brunch que devoro sem piscar. O que quero é a putrefação do âmago.


Não me basta colher a flor e o espinho, quero também devorar os dois, e logo após o ato, cair no chão aos prantos pedindo perdão aos deuses e dragões.


A verdade é que da razão e temperância colhi apenas os piores frutos. Depois de fugir de casa, retalhar o corpo e tentar morrer, preciso agulhar os sentidos para respirar em paz.


Quem sabe um dia, voltarei a lavar as mãos nos rios calmos para aprender calma também.

Friday 20 November 2009

High hopes

Um alto argumento para um alto desespero.
Meu desespero é disforme, impossível, minha fomesedesono é de categoria circular teima teima teima, quando engaveto uma, logo chega o outra para me desesperar.
Pouco escrevo hoje para fazer sentido, cansei de confessar, quero agora a confissão dos outros. Pessoa contou-me uma vez que só a leve esperança vale a pena de viver, mais nada, percebo essa mesquinharia de sentimentos por todos os lados, pequeno fogo, pequena voz, pequeno universo. Eu, que com meu grito sem esmero, meu exagero do exagero, faço o brilho incerto entrar na roda, pouco entendo da pequenez das vontades. Respiro e só entendo o que respiro quando vou à nocaute. As frases não se conectam umas com as outras e não se conectam com as idéias, sejam minhas ou dos outros, e não se entrelaçam com o relógio, amigo desvairado, que sempre me deixa para trás. Os desejos são baldes transbordantes de fatalidades e infantilidades e desencontros. A minha culpa maior é não disfarçar os nomes e segredos que me encontram e
Ai de mim.
Quem hoje sou senão um alto desespero? Descarto companhias com um certo tipo de audácia que pessoas nesse estado de solidão não deveriam ter.
Quem eu amo, em minha mente vive, finjo assim que sou plena de todas as coisas, fingo também minha maturidade e finjo que a humilhação de não saber ser, nada me afeta.
Só há de haver porto, camarada, quando eu aprender que freio não é enfeite e que viver longo-e-lento também tem seus méritos.

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar." Caio Fernando Abreu

Saturday 14 November 2009

Minha febre terçã

Antes de te amar, eu já te amava.


Neste sonho febril, monumentado por cretinos adjetivos inabaláveis, conto pequenas mentirinhazinhas em doses homeopáticas aos que me atravessam para evitar que as palavras exatas escapem.


Ponho-me em pé às vezes e fujo da cena quando a cena pede muita luz.


Reconheço em mim os terríveis sintomas que já vi acometer os outros. Pobres almas sem esperança, mas é até gostoso sofrer assim, sentindo uma mão demasiadamente pesada em volta de seu pescoço, lhe puxando de um lado para o outro feito uma boneca de pano.


Vivo do aqui para o ali num vago sentido, meus pés queimam quando seguem os rastros de sua caminhada para longe de mim. Nada sei além do tema de seus dias.


Percebo fácil que não há cura ou muleta para esse engano, que as pílulas brancas e azúis não desmembram sua face de todos os espelhos pelos quais me perco. As palavras se amontoam na garganta e os tiques nervosos do relógio zombam de mim sem remorso algum. Se o amor é a liberdade, por que me encontro enroscada nessa sua teia maldita mesmo sabendo como me livrar?


Sou feliz um dia e moribunda no outro, totalmente resignada a isso, só o que salva essa história é que em meio ao caos e ao passo falso de todo o nosso cotidiano, posso, na pressa de lhe acompanhar, acabar distraída e perdê-lo de vista de vez.

Monday 9 November 2009

The shadow sea

We have this hopeless, sleepless generation making a racket around town. We have these waiting hours, hours for the light to slowly widen, for the day to slowly thin, for the churches and hospitals to open and save our lives. We have loneliness. We have this lost of innocence which runs so deep that nothing will ever bring it back again.
And I? I'm fully prepared to leave this island.

Oh, oh, Rome-oooo.
Os resquícios de nosso império partem-se em ruínas, despedaçam-se do tempo como a pele de uma cobra. A cidade aos prantos vai se envaziando, rolando devagar para algum recanto perdido da memória das gentes. O que conta saber da vida está no agora, o resto ficará descansando em livros que nunca iremos ler ou na deliciosa tensão do momento, naquele bater de perna incontrolável à espera da reviravolta da história, de um império refeito das cinzas.
Deixo a você, meu compatriota, um leve abraço, metade de um aperto de mão. A tristeza da partida precede a alegria da chegada e nem sei mais se adianta todo o ritual do desejo, seja ele o desejo de destruir coisas ou salvar vidas, e quem sabe, simplesmente, no desgaste sensual da noite, o desejo de esbarrar em outra pele e esquecer, esquecer, esquecer.

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Esta é a casa mais feia da cidade. Vejam só sua fundação traumatizada, sua fachada coberta por remendos e linhas que mais parecem o sistema nervoso de um monstro hediondo. À noite, aqui se encontram as sombras do dia, essas criaturas que se escoram pelos bancos e restaurantes e valas ao seu redor. Não ouvem o pesaroso chamado da gaivota na praia, nada veem quando as nuvens passam assim... rasgando por cima e carregando nossas pernas junto, não sentem os insetos, cegos navegantes, rondando suas cabeças.


Que alívio seria, tropeçar pelo mundo inválida, invisível, ser como que uma santa cravada no misticismo popular, ter meu nome sussurrado nas capelas e lamentos, ser como a sombra das coisas da vida, ocultando todas as máscaras e falhas.


O que a casa traz é a falta de linearidade para a paisagem, ela é o verso branco da rua, quebrando o contrato das novas tradições. Se pudesse ela despencar desse promontório alcantilado e nos deixar em paz ou quem sabe ainda, entrar no ritmo da cidade que é o ritmo das ondas.


Sonho toda noite com a luz, filha devota da sombra, que me arrebata e devora tudo em volta. Até o fim.

Sunday 1 November 2009

Held in suspention

Tem-se as idéias miúdas e as grandes, mas uma não está onde a outra está e veja, faltará tinta para terminar o quadro.


É engraçado quando a gente cai.


É uma graça quando a gente depois se levanta.


Falta luz também, mas nãonãonãonão não há porque se importar com o que falta, pois o que temos e queremos é só o que sobra pele círculos vermelhos pequenas poças embaixo das mesas um amanhã que não aparece. As batidas são extensas, as pernas aderem à gravidade e não há por onde escapar. O quadro acabar por ficar com uns borrões engraçados no meio, never mind.


Slowly we unfold as lotus flowers...


E a voz que vem distante e lhe pede para não sair ou dormir, lhe pede para parar de andar e para não seguir o caminho da relva - onde morre-se em silêncio -, será a voz que vai partir você em incontáveis segundos.


Faça então como as crianças, corra, se perca e cante alto sobre as idéias muídas e depois as grandes, escorregue bem lá do alto e caia suavemente... para bem longe daqui.

Tuesday 27 October 2009

All I want is the moon upon a stick

De nada adianta cantar bonito, ondular sensualmente os quadris e girar um pouco tonta ao redor das páginas, pois as perguntas virão e o tombo violento das respostas mudará todo o eixo da idéia, e você sabe, quando a música muda, nós desgraçados fodidos... a gente dança.

E cada vez que venho, recito uma confissão. Sei que todas já estão abatidas, mas lembro-me do que Kundera disse sobre a necessidade da repetição para sermos felizes, então digo: Nada sei dos livros que leio, nem dos textos que são atirados em minha direção, nem das vozes da televisão que vem de muito longe, os detalhes que ouço passam por mim despercebidos, significados são todos improvisados, vivo brincando ser, e procuro respostas nas folhas, abelhas, vagalumes, na chuva que suspira à noite. E me contam segredos de séculos, mas não é nada que eu possa usar, nada tem nexo, pois a língua que usam está acima de mim. Os rostos lá de casa, também, se perdem nos corredores e portas e severos schedules e pouco existem hoje em mim.

Nunca quis minha vida pelas ruas e bares, se abrindo em sorrisos ao se deparar com o sorriso dos outros ou se desmanchar aos abraços com os braços dos outros, para mim a vida é um livro em branco, onde nada é e tudo se cria. Não posso compartilhar a alma e me espalhar pelos cantos do mundo, preciso de uma razão e não de fazer como faço; cruzar os momentos em suspense torcendo para pisar em falso, talvez despencando de algum alçapão para sair dessa cena ruim e mudar a peça de uma vez.
É preciso se criar um universo, porque se eu morrer sem o meu universo, poderei ter escrito em todos os cadernos e cantos de livro, poderei ter repartido todas as palavras e as jogado ao vento, poderei ter gritado mais alto que todos ao descer na montanha-russa, poderei ter deitado na grama à tarde e sonhado as cores mais loucas, poderei ter tido todos os confidentes e amigos e amores que as meninas que suspiram nas janelas sonham em ter, sem ele, não terei existido.

Condiciono-me a continuar a busca, chafurdando-me nesse mar de horror, abro em mim espaços para enfiar tudo que acho, toda e cada pecinha sem valor. Amo essas tolas mortas, essas cansadas esquecidas, amo com um amor furtado dos outros, pois não há em mim mais forças para a entrega, para me deixar levar pelos toques e rituais e por todo esse léxico de afeição que vejo no amor alheio.

E digo para mim como se já não fosse eu, como se fosse essa outra pessoa, uma não desesperada ou tão exausta, em um canto rouco, em uma forma de preçe já sem esperança de mudar o que for: Não seja esse entulho humano, pare de acumular em sua alma todo esse lixo emocional, não seja assim tão triste, seja feliz, por mim, por nós, antes que o mundo nos esqueça e desapareça.


"He loved, beneath all this summer transiency, to feel the earth's spine beneath him; for such he took the hard root of the oak tree to be; or, for image followed image, it was the back of a great horse that he was riding; or the deck of a tumbling ship--it was anything indeed, so long as it was hard, for he felt the need of something which he could attach his floating heart to; the heart that tugged at his side; the heart that seemed filled with spiced and amorous gales every evening about this time when he walked out." - Virginia Woolf

Friday 16 October 2009

Castles made of sand

Todo dia, a pequena concha faz pequenos pedidos à estrela da manhã: ser jovem novamente, não ser tola dessa vez, não ser tão amável, tão afável como antes, ter sua pedra de volta e não ter que sofrer mais a chacota das outras por ter sua pele carcomida pelo mar, pela areia, pelo vento, por pés humanos, por cachorros vadios. Mas logo ouve o trovão distante, os estalar alucinado se aproximando, o chamado para mais uma viagem e se lembra porque escolheu ser assim.

Dentro dela morreu uma pérola e agora não tem mais forças para cuidar de si, as outras conchas não perderam nada e permanecem como são, enterradas quentinhas, quietinhas assim na areia, então dançam em sua volta sem conseguir entender como ela pôde destruir algo tão frágil, tão íntimo seu. Ora veja, se até humanos compreendem isso, apesar de se esquecerem dos dizeres de tempos em tempos (sussurraremos aqui "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"), por que nossa colega concha sem-nome - e dar-lhe um nome de nada serve, se o que há dentro de si é apenas um daqueles vácuos que se expandem ardentes e sem trégua, se arrastando por entre todas as curvas de seu peito e que não termina nunca - se deixou levar pelo balanço do mar? Todas nós, conchas esclarecidas, aprendemos cedo o recado trazido à nós através de sonhos ancestrais, entendemos que o chamado do oceano é o chamado da morte e que não devemos nos engraçar com esse seu balançar cheio de estratagemas, esses estratagemas é que o aniquilam pra valer e achamos que nossa amiga ali no canto, ha-ha-ha, se esqueceu que não há farol no mar para uma pérola esquecida. Se entra no mar, mas não se dança com ele.

Compreendo, minhas amigas, entendo tudo o que querem dizer muito bem, recitei sonhos ancestrais à mim mesma todas as noite desde que nasci, acontece que quando era jovem e mais afável, passei a entender que a vida era só selvagem, nada mais valia, queria o caos fervoroso dessa implacável imensidão azul aqui em frente me jogando contra as rochas, me marcando inteira, queria uma vida de contatos, não de embalos suaves, não uma pedra mágica enclausurada por dentro, não essa solidão inconsolável que todas vocês guardam e que é infinitamente maior e mais pesada do que qualquer pérola.

Mas, mas você perdeu...

Sim, perdi. Não se descobre a vida sem conhecer a morte. Aprendi que, ao contrário de vocês, companheiras, falhei, porém, sei que meu sacrifício não foi em vão.

Então, pretende ficar aí, perdida na vida, sem recheio pra cuidar, toda lascada e rídicula?

Sim, até à próxima viagem.

Thursday 8 October 2009

Ha!

Amargurado sois vós.


Possuo certos pontos em comum, claro. O pesaroso e severo schedule da vida em algum lugar por aqui, sei que está por aqui. Ah, e tenho também o sorriso ensaiado, sem contar a risada tão politicamente correta e matematicamente exata, que se encontra em um estado de pura poética (não a de Aristóteles, mind). Tenho o cigarro, as cicatrizes, as pílulas, a internação, os livros e a música de merda. Tá certo, tá certo, sou quase o quase de pessoa que você é, mas o porém (saiba que o porém é onipresente e se encaixa em qualquer lugar, além de ser um filho da puta psicopata por assassinar a linha do pensamento lógico no simples anseio de mudar o rumo da história) é que o que quero realmente e que é minha ambição maior é, - apesar das bilhares de combinações cerebrais caóticas e contraditórias e do acúmulo de informações altamente complexas que venho colecionando há anos, do desespero por ter a memória intermitente, dos pontos de luz que surgem entres as árvores na hora de todos os santos e que recriam a cor do seu cabelo, das tragédias forjadas, mortas, reanimadas, das frases dos outros - comer.

Monday 5 October 2009

All is full of love




The night embraces me softly.

One light goes on, another goes off, flickering white shadows pass by me in a rush, this is what they do to you. The air feels like it's carrying a song at its heels, it goes on and on, it goes on so hiiiigh, this song dances around me the same way a herd of ghost wild horses would dance around me, would make me spin... I know If I put my head out of the window, I'll catch the ancient voices of the city calling out my name into the night, like wolves, announcing my place in the world, my place in the wilderness of their hearts, trying to beckon me closer, because even the indomital souls have a place for me.

I don't mind.

The croaking of their howls, the sound of their paws breaking the dead roots and leaves on the way, they all beat in the same tune as my heart, I know it well.

Oh, tender is the night. How soothingly it touches me, how gently it breaks my heart. I walk alone all the time, only I know the way. The dim light of the lamp pole burns my eyes, I don't mind. My head spins like a merry-go-round out of control. My cheeks are flushed, my eyes are open wide and my mind like the wind, taking me away... I don't mind.


Love is something so light that it floats above my head like blue balloons, I let them go up into the sky, leaving me here, hands up the air, trying to grasp at something that was never mine to begin with.

This time around, I'll not apologise or light up a candle. Anything my hands touch from now on, it will be mine.

This is me in the east, this is me in the west, no matter where I am, I am what's left.

Tuesday 29 September 2009

The horrible truth

I have to tell you something about nature, or let me put it this way: how nature seems to constantly interfeer with my moods and changes. It's always there, all-ways. That makes me sound a bit barmy, I know, I know, Iknow. I know how people whisper, it makes me want to fork their throats, I've heard how they say these nasty, spiteful things about me, that I'm a bore because I'm always going on and on about the weather, or that I'm crazy for talking to the furniture. Well, I can't help it, they talk to me, I would have been most impolite for not returning their comments, wouldn't you say? Anyway, this happened yesterday evening: I was chasing my own shadow, watching it multiply itself, playing by myself in that quiet darkness of the yard, when a tree stopped me, it wouldn't let me through.



Silly! Oh my! Such a weakling thing, so meek and ridiculous. You should have climbed it, that's how you tame it.



Oh, nononononono... But it was too tall, you can't possibly image how tall, so that's why I tried to go 'round it, but there was yet another tree there, blocking my way out, the whole pathway was filled these gigantic trees and their horrible arms. You don't understand, my dear friend, how troublesome a tree can be.



Young girl, but I most certainly can, for I myself was once a tree as well.



You don't say. How can that be?



Oh, I say and If I understood what made a tree a tree, a tree I would not have been.



That doesn't make any sense! And how come you are a human now, all limbs and torso and head and eyes, I can even see your feet! You're trying to make a fool out of me, aren't you? Well, I may be mad, but I'm no fool, hencefoward I shall not believe a word you say.



Not so fast, my girl. Won't you at least let me tell you my story? It was quite an adventure...



Maybe...



Say yes.



Oh, no. That's the most dangerous of all words. People don't really want to know things... we don't care to know, in the grand scheme of things, who we really are. We just want to lay on a comfortable pillow and drink the best wine. Humans fear their humanity and all its possibilities. They attach themselves to casualness and banality, it makes life easier to bare. You just gave me a possibility and I have to admit to you, my friend, there's nothing more tragic in this world than freedom.

Saturday 26 September 2009

Softly goes to sleep

As limas-da-pérsia estão com câncer, hão de estar. Seus gemidos perturbam o meu equilíbrio. Como a vida não se cansa dessas patéticas repetições de cenas? O que posso fazer dessa vez que não fiz da última? Não me respondem mais, suas cabeças pesadas balançam com o vento num vai-e-vem cansado. Volta e meia uma cai do pé, rola para um canto, desaparecendo entre as folhas secas. A vida das coisas mudas é infinitamente mais complexa que a nossa. As limas-da-pérsia sepultam a si mesmas, amputam-se da árvore, e ó, como são superiores esses seres.
Em contrapartida, nós sempre necessitamos das mãos alheias, somos frágeis continentes partidos, tudo nos falta, tudo se precisa, já o limoeiro é um universo completo e cada folha, fibra, fruto sabe a hora de se deixar cair.

O jardim morreu quando a casa morreu, eram irmãos. Gosto daqui. As coisas mortas se espalham, as coisas mortas se agarram a tudo, se enroscam às janelas, me fazem tropeçar. Frutos podres, flores secas, traças, traças, mamões brancos, um pântano como um ferida exposta salpicado de moscas e suas larvas, seus monstros rastejantes. A lente vira de um lado para o outro aflita, não sabe que cena guardar. O rolo está no fim; sacrifícios terão de ser feitos.

O que houve com o jardim para enlouquecer depois de morto? Talvez tenha crescido tanto para cobrir a casa, dar-lhe uma sepultura digna... talvez seja essa sua verdadeira natureza, que durante anos foi podada e mantida em cativeiro... ou talvez seja essa a jornada da morte: corredores de limas e mamões e frutas-do-conde, do duque e do marquês, cactus floridos e mais nada.

Assaltando minha próprias palavras, repito algumas frases antigas: Adormeço embalada pelo som de ondas escondidas em conchas. Às vezes o sono vem fácil. Acordo atada à mesma linha invisível e indivisível. Não vou sair daqui ou recuperar o fôlego. Se assim há de ser, entendo. Não pense que não entendo. Não estou reclamando, estou lhe lembrando. É assim dessa maneira tão natural e plena que me perco. Curar não vem ao caso... Para mim só se vive sonhando, sorrindo sonhando, piscando, piscando, piscando.


Good night, Neptune sky.

Tuesday 22 September 2009

I wish for things which will destroy me in the end





... ou como abarcar o amor dos outros junto ao peito até que ele se torne um emaranhado de galhos distorcidos ao seu colo.



É tudo culpa do ascendente em escorpião, estou lhe dizendo, garota. Você deveria ter nascido 15 minutos mais tarde, pois um ascendente em sagitário não teria feito de você uma criatura tão cínica, amarga e sinistra. Você só fala de sangue e sexo, de dor. Largue esse J.G. Ballard esculpido em seu seio. Essa obsessão com Guerras, com esse deserto de almas, com o fim dos tempos. Essa mania de quebrar coisas ou provocar os outros ou de ficar parada, ridícula, jogada em algum canto, enquanto o relógio rodopia, só para ver "qualé", como você diz. E ainda inventa desculpas para cara erro, para cada falso aquário, seu mundo é uma empulhação, guria. "Mas é que meu coração é um esqueleto, é vertical, sentimentos vazam direto", "Mas é que minha criatividade é um poço seco, é um deserto agora, estou tão cega, tão irrevogavelmente sem direção, as luzes do meu mundo se apagaram e é tão difícil aceitar que todos veem o quadro, as cores, o motivo e eu não", "Mas é que só sei contar a vida, vivo do 7 para o 9 para o 4 e o 22, não sei ler, não sei o que são essas letras que escrevo, que me condicionam a continuar a escrever, não quero letras, acho que no fundo, nem quero os número, quero imagens, quero que meu universo inteiro seja feito de retratos". Bah, que bah e bah de merda, cala a boca, por favor. Vai estudar, tome um rumo.



Cale-se. Meu rumo é o fundo. É o ponto mais fundo, meu rumo é a lama. Eu quero um novo tema, quero o sangue novo, quero que essa vontade de cortar algo, de esmigalhar com a ponta dos dedos, de correr em círculos, de devorar os outros, volte a mim e destrua tudo. Eu sou a essência do mundo, estamos todos perdidos. Não preciso nem olhar para você para saber o que quer, não preciso olhar para nada para saber aonde ir, mesmo que não deva ir, não deva desenlaçar o que há entre nós, pois sou a raiz, sou o vaso primordial, sou o que lhe mantém em pé.


Me, I'm your fucking foundation and I can sever you up, I can tear you apart.




Mas vez em quando me pego a pensar: se o amor é a base que sustenta o mundo, por que vivo perdendo o equilíbrio?

Sunday 13 September 2009

In my ears and in my eyes

Um ode à irresponsabilidade.


Onde foi que eu meti mesmo? Ah, aqui está:


Fotografia de canos e pedras e coisas miúdas que rastejam à sua volta. Fotografia de rostos e gatos na encosta. Fotografia de distâncias e tempos e climas, de cantos e encantos. Fotografia de livros e crianças e mendigos e de galhos tão longos que sem-volta. Fotografia de um céu quase vertical, quase um cartão-postal, pena que as cores eram outras. Fotografia de coisas que falam muito e outras que não dizem nada. Fotografia de uma cama vazia, olhos opacos e sorriso sem dentes. Fotografia de uma música, meio que uma sinestesia momentânea, mas os olhos meus são os únicos que escutam. Fotografia de letras e mais letras, inúteis todas elas, como são tolas as palavras, os significados e as possibilidades da escrita e da fala, quando o mundo inteiro em volta te pede, te chama, proclama seu nome em silêncio por esses corredores infinitos da alma. Mas calma, mas calma, pois num piscar de olhos, os seus e os meus olhos, de repente se desencontram e tudo muda e nada do que tenho aqui, nem essa foto aqui de um sapatinho mágico de vidro bem aqui, trará de volta aquela imagem sua ao telefone, aquela que esqueci, aquela que faltava para fechar esse ciclo e trazer de volta a foto que perdi, aquela de um prato branco limpo, seu rosto refletindo nele.

Friday 11 September 2009

About need and desire

Essa é a mágica do café; traz a coceira nervosa de escrever novamente. As palavras vão entrando, substituindo as imagens vazias e intraduzíveis de sua mente. A vontade é de ler tudo, de saber de tudo, de não duvidar se o que você escreve não será compreendido.


Um dia, o café, o cigarro e o álcool não serão nada pra mim. Serei plena em meu desejo de ser, estar e fazer, sem influêcias exteriores. Por agora, os tenho como meus dispositivos de ataque. Não, não de ação, de ataque, da vontade de ir em cheio ao que me apavora.


É melhor ter essas batidas oscilantes e olhar vidrado do que ficar deitada na cama o dia inteiro tentando se convencer que há um bom motivo para sair dali.


Somos o que somos onde estamos, onde estamos. O que mais preciso é ser tudo o tempo todo e tentar entender, mesmo sabendo que entender as coisas não abre as portas do universo.


O que eu queria é achar alguém que também não é nada, que não sabe se entregar, que se perde ao ouvir a voz dos outros, ao olhar nos olhos, que se enrosca todo tal qual um gato ao lembrar da palavra que faltava, se embrulha inteiro ao ter que explicar porque agora não dá, deixa pra depois.


Não posso predizer o que me fará feliz, só sei o que me mata, mas nem isso consigo evitar.


“E recomeçar é doloroso. faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência. É por isso que me esquivo e deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam - e queimar também destrói." - Caio Fernando Abreu

Thursday 10 September 2009

The big big boom of the soul

Conheço a fraqueza da fome, não como Gandhi ou Bukowski, não, não, algo mais visceral. Uma fome com um propósito que é deveras incompreensível aos rostos perplexos em volta. é um desmontar de espírito voluntário em nome dessa voz primitiva que há em nós, coisa que nenhuma língua humana é capaz de expressar.


A fraqueza de espírito de agora remete-me a esse mundo, em especial, porque como comida alguma conseguiu me curar, cama nenhuma irá sanar esse sono.


O que sei da vida é antigo demais. Tenho tanto para contar, mas a presença alheia atrapalha-me as palavras, perco-me entre as vírgulas, não encontro a saída. Os poços que guardo em mim, essas curvas oblíquas, são todos caminhos sem volta. Por favor, corta-me de mim.


I'm on the edge of scrapping out the last pieces of my soul and giving it all to the world, to the sea of anonymous souls out there, so beyond my sea.

Wednesday 9 September 2009

Full of plenty

"...I saw my life branching out before me like the green fig tree in the story. From the tip of every branch, like a fat purple fig, a wonderful future beckoned and winked. One fig was a husband and a happy home and children, and another fig was a famous poet and another fig was a brilliant professor, and another fig was Ee Gee, the amazing editor, and another fig was Europe and Africa and South America, and another fig was Constantin and Socrates and Attila and a pack of other lovers with queer names and offbeat professions, and another fig was an Olympic lady crew champion, and beyond and above these figs were many more figs I couldn't quite make out. I saw myself sitting in the crotch of this fig tree, starving to death, just because I couldn't make up my mind which of the figs I would choose. I wanted each and every one of them, but choosing one meant losing all the rest, and, as I sat there, unable to decide, the figs began to wrinkle and go black, and, one by one, they plopped to the ground at my feet. "
Sylvia Plath - The Bell Jar (1963)

Saturday 5 September 2009

Calling out for rain to leave the skies down in the lowlands

This, now this is our youth.
Nenhum detalhe será polpado de nossa memória sedenta, pois engolimos tudo que podemos o mais rápido que conseguimos, precisamos de cada pedaço, até os pedaços mais cruéis cujas pontas são sempre afiadas demais. Por one vamos, o ar parece pedir mais ar, a terra mais terra, mais vida, uma larga vida e mas que coração alto, altivo e sem remorso!
Se pudéssemos seríamos pássaros, você e eu, voando desesperadamente para os recantos mais remotos da terra, assim então atravessaríamos todas as fronteiras de todos os países com suas cidades inúteis, suas guerras das quais só sobram os vencidos e desesperados, suas pessoas barulhentas e enfadonhas que jamais entenderam que voar é mais implacável que qualquer sonho que possam ter. Atravessaríamos ainda as densas florestas do extremo oriente, planaríamos através dos profundos mares do sul, furaríamos o céu dos desertos e das tundras, dormiríamos nas árvores mais altas, comeríamos os vermes mais gordos, seríamos tão esplendorosos e valentes, com nossa plumagem de ouro e olhar sagaz, que o vento sussurraria nossos nomes quando passásemos... ah, se fôssemos pássaros. Mas não, como humanos temos os pés nessa terra e nesse vida que não nos larga até terminar de sugar todo o nosso espírito pra fora. Nossos livros pesam tanto, nossas costas reclamam nos menores dos esforços, nossos olhos se fecham quando cansam, exaustos de ver tanto e compreender tão pouco.
Ofereço-lhe aqui, ó criatura incansável, meu segundo eu, um pouco de meu fardo também, assim como um pouco do seu que você me ofereceu...

Ora, se for para afundar nessa terra, que estejamos juntos.

Wednesday 8 July 2009

My Leavetaking

Negativa, positiva, negativa, positiva, this is great, damn, this shit is not going to work, ad infinitum.


Preciso sair daqui.


Não consigo prestar atenção nas coisas que gosto e desgosto, preciso dormir, preciso parar de ignorar meus amigos. Tenho pouco mais de um dia para mudar, para ler todos os livros do meu quarto, decorar o dicionário de japonês, ler todas as revistas de geografia/filosofia/sociologia espalhadas pela casa, pintar os cabelos, emagrecer 10 kg, parar de ranger os dentes e arrancar fios de cabelo, para aprender a dançar e beber sem passar vexame.


Chega, o tempo desse mundo não é o tempo que conheço.

Saturday 27 June 2009

Wednesday's Child

Olho para as paredes novas sabendo que serão pichadas. Quem anda por aqui à noite? O que são esses números, essas portas, essas vozes?


Eu sei que a ênfase às vezes é no quão imperfeita e difícil sou. Sinto-me até oprimida por minhas próprias palavras, como se eu não pudesse ser nada além. But I know better now...


Tento não pedir muito da vida, dessas paredes novas, mas sinto que me falta tanto.


Fico escrevendo essas coisas sem motivo, pedindo perdão ao teto como uma freira tola e não acho um fim certo para as linhas. Os dias terminam incertos e olho para as paredes novas sem saber mais o que escrever, sem saber mais o que pedir, sem saber mais o que sentir.


Wednesday's Child is full of woes.

Thursday 28 May 2009

I am wicked

Every day, I push my face against the window pane and rub my cheeks on the surface, sometimes I wish I was cold and dead and gone.


Maybe if I read enough I'll find the answer. Maybe if I make new friends. Maybe, maybe I should drown my cats or even drown myself.


An awkward little bird, that's what I am. I fly low.

Tuesday 28 April 2009

Sunrise, sunset

Ah, all you need is a little bit of drama to spark things in motion.

Os dias são distantes e arrastados, então ter que cuidar de todas essas coisas por aqui, mesmo as mais complexas, não cobre todas as horas. Fico sobrando pelos cantos, atravessando a casa à toa, esperando o próximo momento.
É difícil escrever. Minhas frases estão curtas, todos os pensamentos incompletos. Não tenho conseguido ler nada, as palavras me escapam fácil, novas ou antigas. Sinônimos, nomes de pessoas, músicas, vocabulário de japonês e como se soletram certas palavras. Coisas que fiz e que disse.
The most basic human condition of this century is the most fortunate of all; to forget.

Pequenos terrores diários trazem tão pouco significado. Estou mal acostumada, é isso. Só consegui viver até hoje com o coração estalando, quase a ponto de engasgar, a cara amarga e retorcida, torta e irreconhecível.
Minha vida era chutar portas, com as mãos para o alto, punhos cerrados, tão absolutamente indignada, porque tudo sempre poderia ter sido melhor e mais o honesto e as pessoas pareciam nunca tentar o suficiente.

É por essas e por outras que volta e meia me bate um sono do mundo, um cansaço. Ouço os burburinhos vindos da cozinha me envolverem, os embalos da cidade me escurecerem, e é para mim como se as pessoas de repente se tornassem iguais à cor da parede, aos móveis da sala, iguais às copas das árvores.

Tento achar o que falta em mim nos outros, mas as notícias são velhas, não quero nada disso. Tento achar em mim, mas estou saturada de mim. Sou um rascunho de mim mesma e essas malditas palavras me agarram, não me soltam, nunca me deixam em paz.
Dormir é inútil, o que eu quero é a vigília da noite, aquele estado semi-cerrado, me arrastar pela casa e tentar me convercer de não não sair a porta afora sem olhar pra trás, tenho que me convercer que sou uma vaca ingrata e medrosa e que não mereço tentar algo assim... apesar de sempre afirmar; ninguém merece nada.

Viajei, mudei, voltei, empilhei mais textos, me frustrei mais, me irritei tanto com tão pouco. Nada. nada nada. Ballard morreu e não senti nada. Esqueci o show da minha vida. Uma espinha, um gato novo, algumas fotos, recortes de jornal, cds novos. O que fazer com tudo isso?
Não é nem o futuro que me preocupa, é o eterno presente que nunca muda não importa onde eu vá, o que eu pense e o quanto eu mude.
Mas quando eu voltar para a estrada onde todas as novas coisas se iniciam, espero encontrar...

"My darling, but why? When there is so much more, there is so much more
Do you know there are spaces open and wide?
Believe me, there are days longer than nights
And you will be happy the minute you try
So won't you try?
Won't you try?" - Bright Eyes

Tuesday 7 April 2009

This is one for the bleak days

Se o passado ecoa no presente, fecho os olhos e me imagino em um mundo surdo em que nada ecoa, nada relembra, nada repuxa feridas e sangra.
Olho janela afora e me vejo correndo no jardim, lá no alto onde não me alcanço. Cada uma dessas lembranças me faz fechar os olhos, tomar mais chás e ranger os dentes. É só um reflexo, eu digo. Quando devo falar sério? Quando devo rir de tudo? De que adianta tentar descobrir isso se sempre me arrependo de tudo que digo, se nada é o bastante, se sempre quero mais e mais e mais... se sou jovem o suficiente para ainda sentir certa pena de mim mesma.
Foi desse mesmo carrossel que tenho tirado toda a minha filosofia cotidiana.
Penso comigo às vezes; no dia em que eu tiver de fazer as coisas que sonho em fazer, vou partir o coração de todo mundo.






"The young bird with wings crushed somehow, and inside here it was all too thin, thin and wrong." - F. Scott Fitzgerald

Brideshead revisited

"My theme is memory, that winged host that soared about me one grey morning of war-time.These memories, which are my life- for we possess nothing certainly except the past- were always with me. Like the pigeons of St. Mark's, they were everywhere, under my feet, singly, in pairs, in little honey-voiced congregations, nodding, strutting, winking, rolling the tender feathers of their necks, perching some ties, if I stood still, on my shoulder or pecking a broken biscuit from between my lips; until, suddenly, the noon gun boomed and in a moment, with a flutter and sweep of wings, the pavement was bare and the whole sky above dark with a tumult of fowl. Thus it was that morning.These memories are the memorials and pledges of the vital hours of a lifetime. These hours of afflatus in the human spirit, the springs of art, are, in their mystery, akin to the epochs of history, when a race which for centuries has lived content, unknown, behind its own frontiers, digging, eating, sleeping, begetting, doing what was requisite for survival and nothing else, will, for a generation or two stupefy the world; commit all manner of crimes, perhaps; follow the wildest chimeras, go down in the end in agony, but leave behind a record of new heights scaled and new rewards won for all mankind; the vision fades, the souls sickens, and the routine of survival starts again.The human soul enjoys these rare, classic periods, but apart from them, we are seldom single or unique, we keep company in this world with a hoard of abstractions and reflections and counterfeits of ourselves- the sensual man, the economic man, the man of reason, the beast, the machine and the sleep-walker and heaven knows what besides, all in our own image, indistinguishable from outselves to the outward eye. We get borne along, out of sight in the press, unresisting till we get the chance to drop behind unnoticed, or to dodge down a side’s street, pause, breathe freely and take our bearings, or to push ahead, out-distance our shadows, lead them a dance, so that when at length they catch up with us, they look at one another askance, knowing we have a secret we shall never share." Brideshead Revisited, Evelyn Waugh

Tuesday 24 March 2009

O que conta mesmo é o seu cheiro, me prende feito mosca ao marmelo. E eu pensava, quando a angústia da tarde se desenlaçava frente aos meus olhos, que eu jamais poderia ter o mesmo efeito sobre você. Como eu fui boba. Independente do que aconteça em nossa volta, independente das roupas que eu use, os perfumes que eu coloque, a música que eu ouça, independente das picuinhas, do sol que arde e queima durante a tarde... seguiremos juntos.

De certo já sabe, não há nada de gentil no amor.

Thursday 19 March 2009

To start over

Eu fiz isso há uns anos.
2003 até 2006 talvez, não lembro ao certo. Na época, me encotrava em um momento interessante da minha vida, sofria muito e sem esmero, vivia de sonhos, com uma imaginação transloucada, era um desejo de vida tão grande que eu só conseguia pensar em morrer. Emurrava as palavras no teclado e depois ficava encarando a tela do computador em profunda perplexidade. Acho que existe pouca coisa mais emocionalmente babaca do que ser adolescente. Bem, provavelmente vou acabar fazendo tudo isso de novo. Do pouco que eu sei da vida, sei uma coisa muito clara sobre mim mesma; sempre cometo os mesmos erros e não aprendo com eles. Vai ver que nasci para o melodrama, vai ver sou taurina demais para mudar. Ainda assim, nã irei me desculpar pelo meu modo de escrever ou por minha ortografia, essas coisas são irrelevantes. Basicamente, não será muito divertido para você, seja lá quem for, ler isso aqui.
De qualquer maneira, boa sorte e thanks for trying.

"Meu ofício é dizer o que penso. O segredo de aborrecer é dizer tudo" - Voltaire