Wednesday 27 January 2010

Likely meant

I've been sleeping so strange at night...




Retornará ao ritmo moroso, pois o conheço.


Irá à estação a minha procura, mas perdão, descuidei-me no caminho, preciso tanto não encontrar. Nosso futuro é certo, quase óbvio, até as sombras do dia compreendem quando nos veem à tentar a dançar da separação, do nunca mais, mas nossos pés desobedecem os passos.


Assim iremos nos deitar na grama seca de agosto e filosofar acerca da vertigem de cada dia. Me dirá que sou uma queda-livre, não, não, uma estrela cadente com meus cabelos de fogo e direi que não sei o que você é, talvez o caixeiro viajante, o eterno vendedor de sonhos, que quase sendo sem querer, muda a vida de todo mundo, lua após lua.


Orbitamos em nossa atração absurda, mesmo quando não nos assimilamos, dividos entre o abismo que nos desuni e a vida que poderíamos ter. Um dia aí, me olhará e dirá, mesmo que de relance, que também se perdeu. Apesar de filhos da terra, nenhum de nós captura o orvalho da manhã.


Noturnos, nebulosos, sem nome, sem rumo, rostos falsos como o de um satélite, mas...


diferente das estrelas.

Tuesday 26 January 2010

O errante navegante

Se fosse no cinema, numa carta, sei lá, um cartão postal! viria de muito longe, eu apertaria a rosa (vermelha, polida, destoante) contra o peito, jogaria meu chapéu para o alto, seus corações palpitariam excitados ao ouvirem a trilha sonora que indicaria meu triunfo, e assim, os créditos subiriam em frente à imagem de um céu de nuvens nervosas, nuvens de uma imensidão intransponível, quase sólidas como a terra amarga que reje o meu coração.


É desse lirismo que vivo, vivo como se fosse de vidro. Se eu não me encarcerar em sonhos remotos quebro de vez. É a maldição, é a posição dos astros, é destino meu, é a lei do retorno ou qualquer macumba na qual acredite. Falta de sorte, amigos.


Tenho ainda a noite, as estrelas, tenho o leve conforto de estar sozinha e só ter eu mesma para me ver . Vocês precisam compreender isso: não há nada mais seguro do que abraçar o chão e sofrer.

Saturday 23 January 2010

The loneliness of the timeless runner

- Eu tenho muita pressa, tenho visões à noite, meus membros incham no esforço da fuga, sinto essa suspensão, essa coisa, esse monstro, falta-me ar, você mora aqui, tá, entende, sei que te perco em cada fase ruim, mas a pressa não me concede o sofrimento, olhe só os meus pés, veja-os de perto, são longos, quase fugidos do corpo e me doem quando paro ao seu lado, mesmo assim prometo...


- Ummm, sabe, eu não tenho essa pressa, não preciso de sua ligeireza, não sou jovem, não se engane ao se deparar com meus sonhos, e com essas quatro negações, digo: estou fora do tempo. Aquieto-me em frente a cada árvore, detenho-me para ouvir todos os sons, meus olhos atentos seguem as abelhas, seguem os pássaros dando suas piruetas, seus shows no ar. Enterro minhas mãos nas águas turbulentas e elas me lembram você. Fico rindo, petrificada nesse qualquer lugar e tudo, tudinho me lembra você; pássaros azúis me lembram você, pássaros amarelos me lembram você. Não sei bem como, quase não encontro, quase não te acho, reparo nas asas que têm nos pés... ah, às vezes surpreendo-me tentando lembrar o seu rosto. Você é quase uma miragem ao meio-dia.


- O quê? O que é, guria? Você quer que eu amance? Quer calma? LENTIDÃO? Olhe pra mim, nem estou aqui por inteiro, se é que existo! Seus passos atrapalham-me a direção, meu coração palpita toda vez que você pára. Tenho medo que morra assim em pé, um limoeiro apodrecido. Nunca irei esquecer o seu rosto, ele fica aqui, prostrado bem aqui, refletido no rosto de toda a alma miserável com a qual esbarro na rua.


- Então como vai ser? Você quer um final de filme clássico, daqueles com beijos e partidas e whiskys esquecidos no balção? Se é tão importante, finjo até correr, finjo até precisão, nem notará que estou, na verdade, ondulando lentamente ao seu lado...


- Não, não há como parar, nós somos infinitos e essa linha, culpa sua, não desenlaça mais. Nem minha lepidez ajudará.


- Quem mandou correr esses em círculos em volta de mim?


- Distraí-me por um momento. Mas diga; você não pensa no futuro?


- Não se lembra? Parece que nunca se lembra. Estou fora do tempo, essa exatidão, esse futuro para o qual você insiste em correr, é um peso só seu.


- Desculpa.


- Não agora, continue a correr, daqui a pouco chegarei lá, aí prometo...

Thursday 21 January 2010

My spirit crawls out

Tenho me sentido suspensa no ar. Como se a alma não quisesse se manter neste corpo. Digo que procuro me salvar, mas tenho tanto medo de me salvar, me tornar real. A salvação é a pior forma de se encontrar. É tão mais fácil flutuar sem nexo pela noite, tão mais simples não ser e não definir. Toco em meu corpo e não sei se estou aqui, acho até que você pensa o mesmo; diz para si que não me quer porque não poder me ver, mas toda vez que apareço, não consegue evitar e olhar. Também tento me enxergar, mas olho e não me compreendo, não aceito o que pareço ver. Acho que é tudo que tenho; eu tento, tento aqui e acolá, tento e desisto se consigo, vai que um dia eu realmente vivo?

****
E eles... ah... fazem questão de se fingir não amados, quem sabe, amaldiçoados pela vida. Isso irá mudar, se até o céu caminha, não há nada que explique porque esses espíritos desamparados - que se arrastam pelos momentos, cobras entorpecidas pelo próprio veneno - , se fingem de mortos.
Tempo, tempo, tempo, não deveria ser dessa maneira Nossos sonhos deveriam ser como navios sem leme, nossos portos deveriam estar dentro de nós.

Iremos esquecer a direção de casa. Acredite na leveza da incerteza, camarada.

Monday 18 January 2010

A tiger's heart

Você dorme de olhos abertos, pois acreditar em tudo.

O mundo mudou. As pessoas andam meio bobas, meio inconsoláveis. A sua vontade imensa é de abraçar os desconhecidos, reanimar seus olhos opacos, usar a ponta dos dedos para abrir seus sorrisos. Eles talvez nunca cheguem a entender o tanto que você sente muito. Você quer pedir desculpas por estar viva e aos pedaços. Você sabe que não morrerá na superfície. Sabe que não morrerá sem o retorno. O mar está à espera. Pouco se importa com a corrente, as baixas marés, os peixes se debatendo aos prantos na praia; seus olhos veem além desses horizontes.
Você é o coração selvagem do mundo. Não precisa de caminho, nem mensagem, nem de adeus. O universo conspira para que você seja também sentida e será. Talvez à noite, talvez em outra dimensão, é provável até que com um outro 'ele'.
Não acredita na franqueza do mínimo vísivel. Tampouco nesses dias morenos, mas sem flor. Alguns gritam mais alto do que você, é verdade, mas só o que ouve é aquela canção.

Saturday 16 January 2010

Carry me free

Ainda amo apesar da noite, da larga caminhada, pois terminando a estrada, lá está. Tudo que guardas nos bolsos vem contigo. Dizes não ver o horizonte, e mas que tempo perdido somos os dois; estratagemas, segredos e símbolos. Tens medo da noite. Tens pavor do que digo. Queres um abraço, desculpe-me, mas só tenho tenho dois.

...

O mural da desesperança já está completo, ciclo fechado. Depois do ciclo vem o campo aberto e todas as possibilidades. Não é só de amor que falo ou de seu medo de ser completo, repleto, nem menciono seu apego aos silêncios, trincheiras e ao que nunca será seu. Falo da possibilidade do vento. O vento você também sente, nessa hora somos iguais, nessa hora também existo. A hora em que você me espia do outro lado da sala ou me segura para eu não tropeçar. Um dia, me terá. Sim, trará suas flores, escudos e armas. E eu? All I'll bring will be my open hands and this open road.

We'll sail on out of your shadowseas...

Thursday 14 January 2010

Déjà Vu

mudo de assunto oi eu mudo de assunto
digito bem assim Navegante Itinerante tô burrona hoje então decidi olhar no dicionário primeiro tentei o japonês depois o inglês e agora foi o português aquele meio brasilerin intinerante é um adjetivo que significa aquele que viaja mas um navegante não já está a caminho ah não tenho pontos nem vírgulas nem nada esqueci tudo tudo fico imaginando um sonho e ele se materializa você não quer falar comigo agora e quando for vai perguntar e vou fingir que não ligo hoje percorri o ano passado e os 5 últimos anos a caminho de casa vi uma árvore que fotografei tinha 16 vi uma coisa lá de comida com nome francês vi ontem também tá me acompanhado duvido d-u-v-i-d-o pensei em você pensei naquele bar voltei aos 22 mas quero março que já está vindo fiz uma promessa de otimismo mas ela só dura até a droga parar aí eu morro mas estou tão viva porque eu sei amar sinto as folhas me sorrirem sinto um aperto coisa de coração defeituoso me olhei no epelho hoje e estava tão bonita me supreendi nunca tinha me passado pela cabeça isso ah pensamento estrangeiro bem vindo à casa o que é meu será sempre seu polvo encalhado na praia seus tentáculos virando como uma hélice levantaria voo se eu pedisse um ser marinho que se soltou do denso ser eu não quero antidepressivo eu quero um bando de sorrisos algumas gentilezas favores falsos tenho tanto amor sem regras sem obrigações estou no abismo liberta de meus laços saio delicada desço as escadas pelos corrimãos os olhos apertados em pânico querendo cair nos braços de alguém ai ai ai o chão me acolhe me aquece me deseja eu vejo um futuro azul azul bonito não azul queda livre sabor tragédia no encontro teremos a grande tensão de corpos que gravitam se perseguem mas o nó na garganta não permite um som sequer mas eles se envolvem num círculo de compasso certo estou no cais e as águas mornas balançam lentas refletem como cristais essas folhas azúis no meu rosto não estou te esperando estou intoxicada pela maresia que sobe sei que vai voltar calado semi-morto em completo desespero vou rir devagar por amor não maldade o sol nos segue nos espera como um cão diciplinado quando paramos debaixo de alguma árvore seus galhos retorcidos tem os mesmos braços que meu coração sei que mereço essa viagem sou a onda que quebra na praia meu constante ritual de me erguer maré autoritária e me descer como quem dorme de amor e acorda de ausência os minutos são abismos entre nós eu quero toda a ruína minha sede de ver sangue cor divina me espeta um pouco mea culpa posso pirar no terraço rasgar unhas quebrar pontas de cabelo apertar as mãos com força para trazer calor para abafar qualquer suspiro sou uma farsa porque nem aqui estou você respira e espera que fugir para a áfrica talvez vai te remediar mas na áfrica eu já estou lá você me diz sim sim sim eu só conheço o não até o despertar dessa ciranda maldita onde você finge olhar pro alto mas eu sei onde estou você sabe também planetas somos nós e não nos iluminamos sozinhos

Wednesday 13 January 2010

A quest to forget

Conheço então a lucidez.

Agora não dá para descrever o sol, as frases não me saem ou se me saem, escorregam dos dedos com termos científicos, tenho sido a mortalha do lirismo.
Não há ondas, nem peixes ou luas dentro do aquário. Não há nada.
Chegará o dia em que meus dedos farão os gestos no ar sem que nada se parta, esses mesmos dedos escreverão aqui as palavras e nomes que me mutilam, como se criassem música sobre as teclas de um piano. O dia de hoje foi um pai severo, não me abraçou com ternura, não me levantou ao me ver cair, ficou em pé ao meu lado, de braços cruzados, um rosto impassível como uma lâmpada mágica à flutuar acima de mim sem nada iluminar. Deixei-me fitar suas botas azúis ou teriam sido vermelhas?, beijei meu braço, beijei o chão, falei em diversas línguas, frases desconexas, tentei dormir.
Minha febre não é mais letal, pareço esta fora de perigo. O olhar dessa chama surreal me transportar para outra página, para continuar no embalo. Eu sou tão bonita por dentro, mas gostaria de estar presa do lado de fora. Ser a errante navegante. A espuma que sumiu na praia. Que seja eterno e surja um eterno retorno à mim.
Meu olhos não se fecham, o que mais dizer? Serei feliz? Abrirei as portas do universo? Verei um dia, Angkor Wat? As minas do rei Salomão? Okinawa? Bangkok? Thimphu? Seu mais belo retorno?

Serei amada então?

Monday 11 January 2010

It's never over

Hoje, vi no ônibus a cobradora conversando com um surdo, eu estava calma, um leve desespero no bolso e mais nada, as mãos vazias e um livro sem gosto no colo, os gestos entre eles eram precisos e rápidos como gestos assim devem ser, pareciam se conhecer, me distraía, hora olhando para suas mãos, hora me perdendo no azul janela afora. De repente, a cobradora fez um gestos simples em direção ao peito esquerdo e enunciou as palavras lentamente com a boca bem assim, "E o amor, acabou?". Foi algo tão delicado, tão gentil, nada de brusco brilhou em seus olhos, senti o ônibus cambalear, aquele amargor na boca voltou, um tombo por dentro, pontos pretos no campo de visão, todo aquele drama. Encostei a cabeça no vidro e me resignei à parar de respirar, se sacrifício é o que os deuses imaginários querem, é sacrifício o que terão. Terão minha falta de ar, minha falta de esperança, minha boca aberta, balbuciando como uma tola sem nunca encontrar minha voz, terão minha dor imensa servida em prataria bem polida, mas não terão minhas lágrimas, nem irão me desenraizar desse ligamento que me une ao mundo.
Eu, essa idiota, essa vaca, que diz não querer nada, enquanto sonha em ter o oceano inteiro em suas mãos.

"Não há grandes dores em grandes arrependimentos, nem grandes recordações.Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores. É o que há de triste e ao mesmo tempo de exaltante na vida. Há apenas uma certa maneira de ver as coisas e ela surge de vez em quando. É por isso que, apesar de tudo, é bom ter tido um grande amor, uma paixão infeliz na vida. Isso constitui pelo menos um álibi para o despero sem razão que se apoderam de nós." Albert Camus

Friday 8 January 2010

O dia em que amei

Muito se diz aos corações fracos. Aquele ali é todo alto e casual e clama aos quatro ventos que isto não significa nada. A luz do parque, também fraca, tenta apagar de vez a cena, mas sempre tive um sol demasiado forte ancorado ao peito; sei que não esquecerei.

Uma luz se apaga, a outra se apaga e a noite vai escurecendo os rostos, as palavras, as desculpas obscenas. Estrelas se debatem contra as nuvens tentando me fazer espectadora e pedir.... como uma tola... para despejar essa vã esperança em seu fogo. Quase todas estão mortas, e como eu imbecil, fazendo pedindo às mortas da noite. Hoje não olho para cima, só o que vejo é um peito aberto, um vazio imenso, incomensurável, que engole o infinito. Não há linha, não há agulha, a enfermeira pode lutar, me esbofetear e me amarrar à cama, pode me dopar, o médico pode balançar a cabeça agarrado à sua prancheta como um escudo, me dispensar com promessas e consolos sem nexo, sei o que sei, amanhã será um sabádo em vão; eu, presa nessa cama, peito aberto sem ter como costurar.

Tá bom, tá bom, a gente vai ficar bem, vamos ser felizes, vamos nos separar e nos encontrar com os olhos atados ao chão, uma risadinha aqui, uns filminhos vazios ali, vou fingir que esses meus olhos opacos são de sono, são de falta do que dizer. Não quero que alguém se debruce sobre o meu peito vazio, e diga que sou linda, maravilhosa, que o sangue quente e raro, tão raro que viu aqui dentro é o que quer para si. O que eu pedi era pequeno, nem havia necessidade de embrulhar para presente. Tenho leves consolos, por mais que involuntários; ele irá sentir minha falta e irá se arrepender, sentirá ciúmes, sentirá a mesma vontade que eu. Rirei então, como a bruxa má da história, ridícula, desvairada, rancorosa e finalmente vingada, rirei.
Veja a chuva, pequena, sinta o grande alívio desaguar em ti.

Thursday 7 January 2010

In the cloud cuckoo land of colour wheels

E se eu lhe contar dos tropeços que demos, da vontade de morrer que sempre chega em um tempo de que nada serve morrer, do sonho louco de poder falar a língua do outro, de poder sorrir assim em um desabrochar espontâneo, se lhe contar do desejo mal contido, daquele arrepio elétrico, do alívio da vinda, do desamparo da partida, das coisas que deixamos para trás, se eu lhe explicar o pouco que consigo respirar quando me sobe essa agulhada, essa leve tontura que me dá ao perceber que você desvia de mim, porque o que eu tenho ocupa um espaço sem fronteiras, e quem quer levar para casa esse elefante rosa prostrado no meio da sala, completo e vivo e sem nenhum remorso?

Desejo para mim muita fé, boiar surdacegasemdireção, líquida em absoluto, deslizar sóbria, branda por entre as pedras e desaguar onde o mar que me abraça de volta não tem medo da força primitiva que lhe ofereço.

Abraço-me em um aperto rígido atrás do abacateiro no jardim em meio aquela lânguida paz das coisas mudas. Sei que sou o borrão da pintura, a lasca na taça, aquela que você assume conhecer sem nunca fazer as perguntas certas para saber de verdade, aquela escorada na grama do outro lado do muro do mundo.
Ah, inveja. Galhos retorcidos. Passos longos. Doce é a dança.
O mundo nada entende e é, entendo tudo e nada sou.

Monday 4 January 2010

Slow decay

Viajei, sim viajei.

Quem dera ser eu um unicórnio, de uma pureza singular, e não sofrer esse processo amargo. A noite levou embora toda a bagagem, todos os cartões-postais e na confusão desse sentido turbulento, deito no ombro desconhecido que me acolheu no trem da manhã.
As almas perdidas são voluntários à procura de sobreviventes.

Acordo só. Não há nada para pedir, nem que me olhem nos olhos e nem que retribuam.

Saturday 2 January 2010

The Heart of Saturday Night

- Ai, mãezinha, desisto de amar. O amor só me trouxe dor e solidão.

- Mas é o amor que desbrava os horizontes, não se lembra?

- Não, isso é a guerra. O amor é a terra despovoada e manchada de sangue, é o rosto das pessoas em prantos abraçadas aos cadáveres tão queridos, é a bandeira da renúncia.

- Lembro-me de um livro que li na adolescênci...

- NÃO, não não não. Não é assim, palavra nenhuma consola essa ferida exposta de me doar inteira e só receber ausência. Talvez eu seja jovem demais para amar direito.

- Ou talvez você simplesmente ame a solidão.

Friday 1 January 2010

Oh, oh, I get it!

Do intolerável sono ao silêncio da lua escura, não sei bem a quem culpar.
Ih, nem, tá confuso. Você vem e me diz, "Ah, eu vejo/sinto a brancura dos dias". Não sei, talvez. Aqui é onde eu começo a contar tudo, né? Mas também não sei se resolve, posso falar de umas outras paradas aí, sei lá, aquele avião parece uma lanterna quando passa pelas nuvens durante a noite ou... está chovendo no meu óculos e agora não consigo explicar. Você briga comigo dizendo que pouco defino, pouco sentido faço, fico escolhendo me salvar com esses símbolos estranhos pendurados na parede e que não é assim, tá foda, viu? Me desencontro de dia e não estou à noite, sei que fui tola daquela vez que escrevi, sei que fui besta em decidir, como era a palavra mesmo, ah... flippant. É, tipo isso. Veja, acredito mesmo, lá no fundo, do coração, do poço, do coração do poço, nos momentos aleatórios que trazem coisas boas sem que a gente espere. Isso é que é legal. Fico por aí, reclamando feito uma velha com dor na coluna, no joelho, na unha, beleza, sei que sou chata pra porra, relaxa, mas ainda aceito feito uma ovelhinha contente essa coisa boa que vem sem querer. Reclamo sim, porque reclamar é minha língua pátria, mas até anoto no diário que foi joinha, bem fodinha, ummm, legal. É uma peninha que alguém como eu tenha nascido para o melodrama, ah, eu sei, isso é tão babaca/melodramático, sim, obviamente. É que quando eu tinha 11 anos, ganhei da minha avó um bracelete de ouro branco com um coração no meio, presente da bisa, jóia da família, e acidentalmente, juro, o pastor alemão do tio comeu o coração e eu boba, criança, já toda melancolia/comédia desde pivete, tive uma epifania, nem sabia o que era epifania, mas tive uma, tipo um primeiro orgasmo que a gente nem entende e acha que está morrendo, fica toda cardíaca/epilética e pá, bem, essa epifania me disse assim (era uma cabeça branca toda careca flutuando no vácuo com uma voz grave): Tipo, essa é a sua cruz, tá lá escrito em todos os astros do céu, você não sabe cuidar das coisas de valor, tudo que você toca, estraga, todo amor que houver nessa vida se transformará em pó, ninguém vai te amar, te amar, te amar..." e continuou ecoando que nem naquelas músicas bregas da década de oitenta até sumir. E eu pensei, tipo, que porra, me fodi. E foi assim que foi indo essa coisa toda indo e quando chego em dias assim, me lembro da voz, da cabeça careca, tenho vontade de rir e meio que chorar, de tomar uns três banhos, me enrolar nas cobertas, ficar bem quietinha até tudo passar.
Só irá passar, no entanto, quando aquele que é tão incosolável quanto eu me amar, porque, igual àquela música ruim, metade de mim é amor e a outra metade também.