Do intolerável sono ao silêncio da lua escura, não sei bem a quem culpar.
Ih, nem, tá confuso. Você vem e me diz, "Ah, eu vejo/sinto a brancura dos dias". Não sei, talvez. Aqui é onde eu começo a contar tudo, né? Mas também não sei se resolve, posso falar de umas outras paradas aí, sei lá, aquele avião parece uma lanterna quando passa pelas nuvens durante a noite ou... está chovendo no meu óculos e agora não consigo explicar. Você briga comigo dizendo que pouco defino, pouco sentido faço, fico escolhendo me salvar com esses símbolos estranhos pendurados na parede e que não é assim, tá foda, viu? Me desencontro de dia e não estou à noite, sei que fui tola daquela vez que escrevi, sei que fui besta em decidir, como era a palavra mesmo, ah... flippant. É, tipo isso. Veja, acredito mesmo, lá no fundo, do coração, do poço, do coração do poço, nos momentos aleatórios que trazem coisas boas sem que a gente espere. Isso é que é legal. Fico por aí, reclamando feito uma velha com dor na coluna, no joelho, na unha, beleza, sei que sou chata pra porra, relaxa, mas ainda aceito feito uma ovelhinha contente essa coisa boa que vem sem querer. Reclamo sim, porque reclamar é minha língua pátria, mas até anoto no diário que foi joinha, bem fodinha, ummm, legal. É uma peninha que alguém como eu tenha nascido para o melodrama, ah, eu sei, isso é tão babaca/melodramático, sim, obviamente. É que quando eu tinha 11 anos, ganhei da minha avó um bracelete de ouro branco com um coração no meio, presente da bisa, jóia da família, e acidentalmente, juro, o pastor alemão do tio comeu o coração e eu boba, criança, já toda melancolia/comédia desde pivete, tive uma epifania, nem sabia o que era epifania, mas tive uma, tipo um primeiro orgasmo que a gente nem entende e acha que está morrendo, fica toda cardíaca/epilética e pá, bem, essa epifania me disse assim (era uma cabeça branca toda careca flutuando no vácuo com uma voz grave): Tipo, essa é a sua cruz, tá lá escrito em todos os astros do céu, você não sabe cuidar das coisas de valor, tudo que você toca, estraga, todo amor que houver nessa vida se transformará em pó, ninguém vai te amar, te amar, te amar..." e continuou ecoando que nem naquelas músicas bregas da década de oitenta até sumir. E eu pensei, tipo, que porra, me fodi. E foi assim que foi indo essa coisa toda indo e quando chego em dias assim, me lembro da voz, da cabeça careca, tenho vontade de rir e meio que chorar, de tomar uns três banhos, me enrolar nas cobertas, ficar bem quietinha até tudo passar.
Só irá passar, no entanto, quando aquele que é tão incosolável quanto eu me amar, porque, igual àquela música ruim, metade de mim é amor e a outra metade também.
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