Monday 19 April 2010

Pauses

Toda essa babaquice pseudo-literária aqui tem pouco valor, até para mim. Não que seja mentira, mas só me trouxe muita mágoa acumulada que não consegui exprimir e uma certa revolta. Falar abertamente é algo que desconheço. Talvez eu consiga me salvar quando parar de planejar ou me encantar.
Não tenho o menor desejo em aprender a funcionar do modo esperado e tenho pavor de qualquer tipo de responsabilidade. Imaturidade ou não, batuco um ritmo só meu e que em nada condiz com essa música diária que ouço pelas ruas, que ouço nos movimentos alheios. Tenho a vantagem de não querer me consertar ou consertar ninguém. Me aceito como aceito os outros, com tolerância e um certo desprezo. Admito que me sinto exausta, que não quero mais esperar e hesitar. Não quero mais ter saudade de mim. Muito menos ter que andar pelos momentos com esse suspense, essa vontade.
Desejo para os dias futuros aquela sincronia cósmica, a única que compreendo. Não quero mais essa quadrilha de Drummond a assombrar as horas. Desejo também, dias livres de indiferença, indiferença pra mim é doença. Tudo tem tão pouco nexo, por que não tentar mais? Mais ar, mais canções, mais ebriedade, mais palpitar, mais paixões loucas, menos limbo, menos desse abismo, desse cadafalso, dessa dor já cansada também, inexplicável e ridícula que me tira do rumo. Que venha a luz que me queima e sorrisos que não doem no rosto. Peço ao universo, aos astros, a qualquer coisa mais forte do que eu, mesmo que seja essa voz interior, minha musa inspiradora, uma recompensa e não me interessa a falta de merecimento, não acredito em merecimento, nessa valorizações moral das ações humanas. Quero paz, a mais confusa, caótica, entorpecente, dolorosa paz.

Friday 16 April 2010

I could care more, after all

Me encontro aturdida nesse divisor de águas.
É difícil abrir mão, mas me sinto livre, sinto toda a machadada pavorosa da liberdade. Isso sempre me acontece no trânsito entre estações.

O outono chega sorrateiro atrás de mim, as águas veraneias começam a diluir, a temperatura do banho muda, assim como a das frutas, das cores, dos sorrisos, e percebo toda essa mudança dos tempos como os antigos faziam, é assim: aquele vento cortante da manhã me diz, aquela vaga luz diurna que encobre a grama me diz, vejo, quando atravesso os caminhos do dia, as folhas das árvores se retorcendo, encolhendo, secando, parece que o mundo vai desabar. Este é o grito silencioso da natureza, anunciando a vida. Ou a morte. Para mim, o outono é um limbo, minha estação mais querida por ser a mais doída.
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Tenho o mesmo sentimento de confusão e inquietude quando escreve, mas percebi ter o mesmo efeito em você. É estranho afetar alguém. Palavras são corredores sem saída ou janela para escapar. Ficamos parados, dolorosamente angustiados, procurando nos outros o que os outros não tem. A sincronia do universo nos empurra para todos os sinais, encontros e estranhas coincidências, sei bem que eventualmente te olhararei nos olhos com alívio e não terei mais que especular. Esta será a nossa estação, o abismo sagrado de cada dia.
Até ali em diante, my friend.

Tuesday 6 April 2010

No innocence is known

Que coisa maravilhosa é... saber que você mudou, que o que era tão impenetrável em você agora é poeira no chão. Amarras não há mais, pensamentos obscuros vem e se vão como uma maré lenta, um sonho lúcido, um cansaço feliz/infeliz/desesperado/livre/compulsivo/redondo como um planeta, um limão, uma falta de ar, mas para que ar? Para que se preserva a alma? Eu quero dançar até o fim do século (ver a sombra do dia cair em meus olhos), quero beber todas as mágoas, quero ver demais, ouvir demais, ser um tato frenético ambulante, quero ser beijada pela pessoa certa na hora errada, toda vez perder o rumo, me debater de encontro com todos os estágios da vida. Que teima é essa do ser humano de estimar a inocência, a pureza, a leveza, casualidade e paciência como nobreza de espírito, julgar os outros por não as possuir sendo que nem ele próprio possui?


A chuva não te impede, a música babaca não te impede, a voz distorcida e estática ao telefone não te impede. Você passa a mão nos cabelos sujos, sorri baixinho essa canção corriqueira da noite, finge tocar piano na borda da mesa, não se apavora, não espera o animal acuado de seus altos pensamentos juvenis. A lucidez tem seu preço, mas não é nada que irá te matar.


Naquele tempo pálido-azul, quis ser sólida feito uma árvore e não sentir mais, em especial, não mudar, não passar pelo êxodo de vontades e ideias, ficar prostrada, morta, viva, inocente. Esqueci, tola... árvores também tem suas camadas, suas falhas, também podem se partir em tempestades.


Não há inocência onde houver o tempo, e eu? Sou filha do tempo, do tempo que perdi, que sofri, até desse tempo que é um vácuo branco posto em minha frente, the great unknown.


The world is full of beautiful things, but you have to walk to be able to see them. Então, caminho contra o vento, sem esperar mais nada, pois em cada curva da estrada... lá está.

Thursday 1 April 2010

I believe in symmetry

Bright, bright be my night!


Só passei aqui para confessar que a noite será alta, assim como já estou, sinto o universo dançar em sincronia com meu coração - cada minuto pulsa em minhas veias -, que o cansaço não é nada para quem está tão viva. A gente não precisa de uma palavra para se entender, a gente não precisa de nenhuma estação para se encontrar, o que importa é se perder, se esbarrar no ritmo selvagem que é ser jovem.


Nós, humanos, somos tão possíveis que até a nossa morte não passa de um rito de passagem. Bon voyage, marinier.