Friday, 16 April 2010

I could care more, after all

Me encontro aturdida nesse divisor de águas.
É difícil abrir mão, mas me sinto livre, sinto toda a machadada pavorosa da liberdade. Isso sempre me acontece no trânsito entre estações.

O outono chega sorrateiro atrás de mim, as águas veraneias começam a diluir, a temperatura do banho muda, assim como a das frutas, das cores, dos sorrisos, e percebo toda essa mudança dos tempos como os antigos faziam, é assim: aquele vento cortante da manhã me diz, aquela vaga luz diurna que encobre a grama me diz, vejo, quando atravesso os caminhos do dia, as folhas das árvores se retorcendo, encolhendo, secando, parece que o mundo vai desabar. Este é o grito silencioso da natureza, anunciando a vida. Ou a morte. Para mim, o outono é um limbo, minha estação mais querida por ser a mais doída.
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Tenho o mesmo sentimento de confusão e inquietude quando escreve, mas percebi ter o mesmo efeito em você. É estranho afetar alguém. Palavras são corredores sem saída ou janela para escapar. Ficamos parados, dolorosamente angustiados, procurando nos outros o que os outros não tem. A sincronia do universo nos empurra para todos os sinais, encontros e estranhas coincidências, sei bem que eventualmente te olhararei nos olhos com alívio e não terei mais que especular. Esta será a nossa estação, o abismo sagrado de cada dia.
Até ali em diante, my friend.

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