Que coisa maravilhosa é... saber que você mudou, que o que era tão impenetrável em você agora é poeira no chão. Amarras não há mais, pensamentos obscuros vem e se vão como uma maré lenta, um sonho lúcido, um cansaço feliz/infeliz/desesperado/livre/compulsivo/redondo como um planeta, um limão, uma falta de ar, mas para que ar? Para que se preserva a alma? Eu quero dançar até o fim do século (ver a sombra do dia cair em meus olhos), quero beber todas as mágoas, quero ver demais, ouvir demais, ser um tato frenético ambulante, quero ser beijada pela pessoa certa na hora errada, toda vez perder o rumo, me debater de encontro com todos os estágios da vida. Que teima é essa do ser humano de estimar a inocência, a pureza, a leveza, casualidade e paciência como nobreza de espírito, julgar os outros por não as possuir sendo que nem ele próprio possui?
A chuva não te impede, a música babaca não te impede, a voz distorcida e estática ao telefone não te impede. Você passa a mão nos cabelos sujos, sorri baixinho essa canção corriqueira da noite, finge tocar piano na borda da mesa, não se apavora, não espera o animal acuado de seus altos pensamentos juvenis. A lucidez tem seu preço, mas não é nada que irá te matar.
Naquele tempo pálido-azul, quis ser sólida feito uma árvore e não sentir mais, em especial, não mudar, não passar pelo êxodo de vontades e ideias, ficar prostrada, morta, viva, inocente. Esqueci, tola... árvores também tem suas camadas, suas falhas, também podem se partir em tempestades.
Não há inocência onde houver o tempo, e eu? Sou filha do tempo, do tempo que perdi, que sofri, até desse tempo que é um vácuo branco posto em minha frente, the great unknown.
The world is full of beautiful things, but you have to walk to be able to see them. Então, caminho contra o vento, sem esperar mais nada, pois em cada curva da estrada... lá está.
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