Monday 30 November 2009

It can't come quickly enough

Fuck it, fuck it all to the deepest pits of hell. You believe in the japanese sayings, oh well.


Tehy all tell you the same things every time: about temples, older brothers and departures. You know the answers already, you saw them on every single street sign today. So what's the point of browsing through random pages of the random book you manage to get your hands on? Just to find an alternative? You know, that's what telephones are for.


It's about time you learn that not every handshake holds a promise and that the ticking of the clock doesn't give a shit about your feelings.


It's a fabulous thing when you realise your life has been changed, but does it have to come to this? Where are my pink tinted glasses? Where are the sparks and clouds and sunny smiles? All I have are bleak days and a staggering hope that will certainly crush me to the ground one of these days.


No more blue skies for me from now on. Next year, perhaps.

Friday 27 November 2009

Still life

- Seu jardim está precisando de uma bela tosa, hein?


- Haha. Minha avó plantava babosas n...


- Babosa?


- Aloe Vera.


- Ah.


- Então, ela às plantava no jardim para fazer chás, cremes e poções misteriosas quando estava com câncer.


- Umm, legal, isso ajudou?


- Não, ela morreu no ano seguinte, mas foi bonito vê-la tentar...

Wednesday 25 November 2009

Misery

Colo meu rosto às mãos e daqui não saio.

Das ondas nada levo de volta comigo.

Finjo que caio quando caio e caio alto.

A paciência não é uma virtude, é uma sina.

Os corredores da memória esvaziam de tempos em tempos

e tudo se torna distante e vago como viver do outro lado das coisas.

Do outro lado da rua da vida.

A vontade é de abandonar tudo e todo mundo pelas esquinas e não sofrer mais.

Dou muito valor às coisas poucas, às mais fracas, o que mais amo é o passarinho que caiu e morreu antes de aprender à voar como os outros.

Então, beberei e pedirei a destruição de corpos e não voltarei mais atrás, pois o que eu quero é a morte.

A morte que desça e dance o tango mais bonito em cima de tudo que perdi e que eu dance também.

Dance para fora dessa festa escrota.

Espero por mim na sargeta.

Sunday 22 November 2009

The wild heart

Sem o orgulho e a dignidade de Estela, é assim que vou. Agarro-me à calda de uma nuvem e girando vou. Se do espírito romanesco (lê-se estúpido e ensandecido) conseguissem me afastar, facilmente morreria, seria como partir a espinha.


Dos impulsos da carne aos ímpetos da alma, dos delírios matutinos aos sobressaltos noturnos, sei da minha índole de caçadora de sonhos e lágrimas. Quando criança, desejava ser um soldado e morrer bem doído em alguma guerra na áfrica. Ao crescer, me imaginei um gigante esmagando com a ponta dos dedos dos pés todas as pessoas que amo. Me imaginei como a bruxa má do leste e do oeste, algum vilão de Scooby-Doo ou fantasma de Ghostbusters. Sonhei com enchentes, vulcões cuspindo lava, terceiras, quartas guerra mundiais, loucos varridos com metralhadoras acertando as pessoas em sua volta dentro de algum shopping ou fast-food. J.G Ballard, se em abril não tivesse abraçado a morte, me diria que sofro do maior mal da vida moderna: o tédio. Acontece é que não estou sofrendo, não o suficiente, não como já sofri antes, o tédio de hoje é a porra de um brunch que devoro sem piscar. O que quero é a putrefação do âmago.


Não me basta colher a flor e o espinho, quero também devorar os dois, e logo após o ato, cair no chão aos prantos pedindo perdão aos deuses e dragões.


A verdade é que da razão e temperância colhi apenas os piores frutos. Depois de fugir de casa, retalhar o corpo e tentar morrer, preciso agulhar os sentidos para respirar em paz.


Quem sabe um dia, voltarei a lavar as mãos nos rios calmos para aprender calma também.

Friday 20 November 2009

High hopes

Um alto argumento para um alto desespero.
Meu desespero é disforme, impossível, minha fomesedesono é de categoria circular teima teima teima, quando engaveto uma, logo chega o outra para me desesperar.
Pouco escrevo hoje para fazer sentido, cansei de confessar, quero agora a confissão dos outros. Pessoa contou-me uma vez que só a leve esperança vale a pena de viver, mais nada, percebo essa mesquinharia de sentimentos por todos os lados, pequeno fogo, pequena voz, pequeno universo. Eu, que com meu grito sem esmero, meu exagero do exagero, faço o brilho incerto entrar na roda, pouco entendo da pequenez das vontades. Respiro e só entendo o que respiro quando vou à nocaute. As frases não se conectam umas com as outras e não se conectam com as idéias, sejam minhas ou dos outros, e não se entrelaçam com o relógio, amigo desvairado, que sempre me deixa para trás. Os desejos são baldes transbordantes de fatalidades e infantilidades e desencontros. A minha culpa maior é não disfarçar os nomes e segredos que me encontram e
Ai de mim.
Quem hoje sou senão um alto desespero? Descarto companhias com um certo tipo de audácia que pessoas nesse estado de solidão não deveriam ter.
Quem eu amo, em minha mente vive, finjo assim que sou plena de todas as coisas, fingo também minha maturidade e finjo que a humilhação de não saber ser, nada me afeta.
Só há de haver porto, camarada, quando eu aprender que freio não é enfeite e que viver longo-e-lento também tem seus méritos.

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar." Caio Fernando Abreu

Saturday 14 November 2009

Minha febre terçã

Antes de te amar, eu já te amava.


Neste sonho febril, monumentado por cretinos adjetivos inabaláveis, conto pequenas mentirinhazinhas em doses homeopáticas aos que me atravessam para evitar que as palavras exatas escapem.


Ponho-me em pé às vezes e fujo da cena quando a cena pede muita luz.


Reconheço em mim os terríveis sintomas que já vi acometer os outros. Pobres almas sem esperança, mas é até gostoso sofrer assim, sentindo uma mão demasiadamente pesada em volta de seu pescoço, lhe puxando de um lado para o outro feito uma boneca de pano.


Vivo do aqui para o ali num vago sentido, meus pés queimam quando seguem os rastros de sua caminhada para longe de mim. Nada sei além do tema de seus dias.


Percebo fácil que não há cura ou muleta para esse engano, que as pílulas brancas e azúis não desmembram sua face de todos os espelhos pelos quais me perco. As palavras se amontoam na garganta e os tiques nervosos do relógio zombam de mim sem remorso algum. Se o amor é a liberdade, por que me encontro enroscada nessa sua teia maldita mesmo sabendo como me livrar?


Sou feliz um dia e moribunda no outro, totalmente resignada a isso, só o que salva essa história é que em meio ao caos e ao passo falso de todo o nosso cotidiano, posso, na pressa de lhe acompanhar, acabar distraída e perdê-lo de vista de vez.

Monday 9 November 2009

The shadow sea

We have this hopeless, sleepless generation making a racket around town. We have these waiting hours, hours for the light to slowly widen, for the day to slowly thin, for the churches and hospitals to open and save our lives. We have loneliness. We have this lost of innocence which runs so deep that nothing will ever bring it back again.
And I? I'm fully prepared to leave this island.

Oh, oh, Rome-oooo.
Os resquícios de nosso império partem-se em ruínas, despedaçam-se do tempo como a pele de uma cobra. A cidade aos prantos vai se envaziando, rolando devagar para algum recanto perdido da memória das gentes. O que conta saber da vida está no agora, o resto ficará descansando em livros que nunca iremos ler ou na deliciosa tensão do momento, naquele bater de perna incontrolável à espera da reviravolta da história, de um império refeito das cinzas.
Deixo a você, meu compatriota, um leve abraço, metade de um aperto de mão. A tristeza da partida precede a alegria da chegada e nem sei mais se adianta todo o ritual do desejo, seja ele o desejo de destruir coisas ou salvar vidas, e quem sabe, simplesmente, no desgaste sensual da noite, o desejo de esbarrar em outra pele e esquecer, esquecer, esquecer.

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Esta é a casa mais feia da cidade. Vejam só sua fundação traumatizada, sua fachada coberta por remendos e linhas que mais parecem o sistema nervoso de um monstro hediondo. À noite, aqui se encontram as sombras do dia, essas criaturas que se escoram pelos bancos e restaurantes e valas ao seu redor. Não ouvem o pesaroso chamado da gaivota na praia, nada veem quando as nuvens passam assim... rasgando por cima e carregando nossas pernas junto, não sentem os insetos, cegos navegantes, rondando suas cabeças.


Que alívio seria, tropeçar pelo mundo inválida, invisível, ser como que uma santa cravada no misticismo popular, ter meu nome sussurrado nas capelas e lamentos, ser como a sombra das coisas da vida, ocultando todas as máscaras e falhas.


O que a casa traz é a falta de linearidade para a paisagem, ela é o verso branco da rua, quebrando o contrato das novas tradições. Se pudesse ela despencar desse promontório alcantilado e nos deixar em paz ou quem sabe ainda, entrar no ritmo da cidade que é o ritmo das ondas.


Sonho toda noite com a luz, filha devota da sombra, que me arrebata e devora tudo em volta. Até o fim.

Sunday 1 November 2009

Held in suspention

Tem-se as idéias miúdas e as grandes, mas uma não está onde a outra está e veja, faltará tinta para terminar o quadro.


É engraçado quando a gente cai.


É uma graça quando a gente depois se levanta.


Falta luz também, mas nãonãonãonão não há porque se importar com o que falta, pois o que temos e queremos é só o que sobra pele círculos vermelhos pequenas poças embaixo das mesas um amanhã que não aparece. As batidas são extensas, as pernas aderem à gravidade e não há por onde escapar. O quadro acabar por ficar com uns borrões engraçados no meio, never mind.


Slowly we unfold as lotus flowers...


E a voz que vem distante e lhe pede para não sair ou dormir, lhe pede para parar de andar e para não seguir o caminho da relva - onde morre-se em silêncio -, será a voz que vai partir você em incontáveis segundos.


Faça então como as crianças, corra, se perca e cante alto sobre as idéias muídas e depois as grandes, escorregue bem lá do alto e caia suavemente... para bem longe daqui.