Sunday, 22 November 2009

The wild heart

Sem o orgulho e a dignidade de Estela, é assim que vou. Agarro-me à calda de uma nuvem e girando vou. Se do espírito romanesco (lê-se estúpido e ensandecido) conseguissem me afastar, facilmente morreria, seria como partir a espinha.


Dos impulsos da carne aos ímpetos da alma, dos delírios matutinos aos sobressaltos noturnos, sei da minha índole de caçadora de sonhos e lágrimas. Quando criança, desejava ser um soldado e morrer bem doído em alguma guerra na áfrica. Ao crescer, me imaginei um gigante esmagando com a ponta dos dedos dos pés todas as pessoas que amo. Me imaginei como a bruxa má do leste e do oeste, algum vilão de Scooby-Doo ou fantasma de Ghostbusters. Sonhei com enchentes, vulcões cuspindo lava, terceiras, quartas guerra mundiais, loucos varridos com metralhadoras acertando as pessoas em sua volta dentro de algum shopping ou fast-food. J.G Ballard, se em abril não tivesse abraçado a morte, me diria que sofro do maior mal da vida moderna: o tédio. Acontece é que não estou sofrendo, não o suficiente, não como já sofri antes, o tédio de hoje é a porra de um brunch que devoro sem piscar. O que quero é a putrefação do âmago.


Não me basta colher a flor e o espinho, quero também devorar os dois, e logo após o ato, cair no chão aos prantos pedindo perdão aos deuses e dragões.


A verdade é que da razão e temperância colhi apenas os piores frutos. Depois de fugir de casa, retalhar o corpo e tentar morrer, preciso agulhar os sentidos para respirar em paz.


Quem sabe um dia, voltarei a lavar as mãos nos rios calmos para aprender calma também.

No comments:

Post a Comment