Blue light in my blue room, in the background, a blue rain cries out and wash away the afternoon...
Uma voz interior me inspira. Acordo sentada de hora em hora, tentando não lembrar. Preciso de uma prosa cansada, pausada, morta à pauladas, estirada no chão. Preciso de seu sonho legendário e a volta à semi-realidade.
Agimos como se desenhássemos a vida, vez ou outra olho para meus dedos manchados de tinta na ponta e tenho vergonha de quão vagamente reconheço os lugares, porque saio tão pouco, penso que a qualquer momento posso me dissolver no ar. Você vive em seu armado leito de morte, fraco demais para sonhar. Passo os dias conversando com plantas no jardim, lendo poemas sobre deuses bebendo em taças de vinho feitas de crânio humano, como uma velha reclusa, seus 7 gatos, recebendo apenas visitas de estranhos enganos e escondendo um terrível segredo do resto do mundo. Nada disso que fingimos é real, já devíamo ter nos acotumado.
Penso que se estivesse em uma daquelas noites densas, em um lugar tão longe que sem volta, perto de um mar escuro, o Cáspio talvez, com uma alma plena como minha luz, meu guia, poderia enfim me perdoar. Mas essas noites esses mares essas almas estão acontecendo agora e acontecerão amanhã e em todos os dias pelos século que virão, e só o que falta de mim é a cara de pau do primeiro passo.
Quem sabe sejamos mais do que meros desencontros à luz do meio-dia.
Walking about in Africa maybe, but thinking of me.