Tuesday, 1 December 2009

Future reflections

Perder a essência das letras, isso é fácil. A cada 34 dias, as palavras transformam-se em meros símbolos impressos. A essência dos dias esvai-se logo em seguida, depois a música já não serve para nada, somente enxaquecas. Os rostos em volta diluem-se com as sombras, as palavras que tropeçam de suas bocas são como dois bastões de ferro entrando em choque, assustam-se, assim, rapidamente me afasto deste confronto horrendo. O que preciso agora é de um bálsamo da Amazônia, o óleo da vida, para me desintoxicar desse ar, dessa ausência do alguém, desse véu de palavras que descem sobre mim sem dó.


A lista de decisões para o futuro próximo hão de ser consideradas devido ao momento. Deixe-me ver, tenho então: me desapaixonar, desistir da universidade, aprender fotografia, aprender a dirijir e a gostar de vinho, aprender italiano, francês, sueco, islandês, koreano, alemão e russo, ler os livros do meu quarto, ler Proust, Miller, Woolf, Joyce, Eco, Bukowski e Abreu por completo, tomar sol, arranjar um emprego que pague mais de 600 reais... sérião, daqui pra frente, fazer coquetéis com ingredientes diferentes de vodka+alguma coisa doce enjoativa, passar a curtir o Natal, voltar a comer carne, change my taste in men, ir à festas no Lago Sul, atender telefones, comer mais do que 2 refeições por dia, e não, café não conta como refeição, voltar para Santa Catarina, cozinhar arroz, só arroz e não sopa de arroz, beber todos os dias até o Ano-Novo, entrar para um coral, aprender a andar de bicicleta e a fazer fantoches de meia.


Parece piada, e é um pouquinho, quando digo saber prever o futuro. Noto os sinais pelo canto do olho, pelo movimento do vento, pelo o quão forte aperto as unhas na palma da mão, e de repente, sei o caminho do dia. Mas cansei. Emurro as horas de olhos fechados from now on. Não quero mais saber da derradeira chance, do buraco negro da solidão, do cego desespero que grita por dentro quando a náusea me embala em seus abraços.


Só números imaginário agora, só respostas vãs.

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