Wednesday, 2 December 2009

Rotten

Do jardim vejo as luzes da cidade. Parece até que vivo em uma cidade, que por aqui há vida. Pena que só me sinto numa cidade quando há ambulâncias correndo e recortanto o trânsto das 19hs.


Desde criança me interessei somente pela vida anti-burguesa e isso nunca foi uma visão política das coisas, simplesmente, um interesse estético e talvez um pouco emocional.


Deitava no terraço da casa da vó e julgava em voz alta quais das estrelas já teriam morrido. Contava a mim mesma histórias sofridas com finais dramáticos cravados em pedras. Tudo muito rutilante e estrondoso. Admirava o perigo das ruas distantes que nunca veria, e o perigo sempre chamou a atenção por não ter retorno ou segundas chances. Somente nos extremos descobri a purificação do espírito.


Amo loucamente hoje em dia, com o desespero desmedido, extrapolado, com o coração nos pés e a cara amarga retorcida em um sorriso cinicamente auto-crítico. Sinto-me tola por ter tanto medo de tentar de novo. Ao mesmo tempo que me pego pensando se não morreria de tédio e desistiria de amar se fosse fácil.


Penso nos bares e noites escuras, nessa boemia catártica na qual não vivo. Penso em abandonar minha vida em algumas dessas ruas distantes, mas nunca aprendi como se chega nelas.


Olha, entendo que talvez eu perca, tenho todos os sintomas de uma perdedora terminal e não adianta escrever de uma maneira poética sobre essa merda, amor não é poético, amor é uma foda suja e cansativa e fantástica, o que eu quero ver é o sangue rolando. Vou à guerra pela guerra e já nem penso em qualquer túnel ou luz além. And that is that, my friend.

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