Tuesday, 22 September 2009

I wish for things which will destroy me in the end





... ou como abarcar o amor dos outros junto ao peito até que ele se torne um emaranhado de galhos distorcidos ao seu colo.



É tudo culpa do ascendente em escorpião, estou lhe dizendo, garota. Você deveria ter nascido 15 minutos mais tarde, pois um ascendente em sagitário não teria feito de você uma criatura tão cínica, amarga e sinistra. Você só fala de sangue e sexo, de dor. Largue esse J.G. Ballard esculpido em seu seio. Essa obsessão com Guerras, com esse deserto de almas, com o fim dos tempos. Essa mania de quebrar coisas ou provocar os outros ou de ficar parada, ridícula, jogada em algum canto, enquanto o relógio rodopia, só para ver "qualé", como você diz. E ainda inventa desculpas para cara erro, para cada falso aquário, seu mundo é uma empulhação, guria. "Mas é que meu coração é um esqueleto, é vertical, sentimentos vazam direto", "Mas é que minha criatividade é um poço seco, é um deserto agora, estou tão cega, tão irrevogavelmente sem direção, as luzes do meu mundo se apagaram e é tão difícil aceitar que todos veem o quadro, as cores, o motivo e eu não", "Mas é que só sei contar a vida, vivo do 7 para o 9 para o 4 e o 22, não sei ler, não sei o que são essas letras que escrevo, que me condicionam a continuar a escrever, não quero letras, acho que no fundo, nem quero os número, quero imagens, quero que meu universo inteiro seja feito de retratos". Bah, que bah e bah de merda, cala a boca, por favor. Vai estudar, tome um rumo.



Cale-se. Meu rumo é o fundo. É o ponto mais fundo, meu rumo é a lama. Eu quero um novo tema, quero o sangue novo, quero que essa vontade de cortar algo, de esmigalhar com a ponta dos dedos, de correr em círculos, de devorar os outros, volte a mim e destrua tudo. Eu sou a essência do mundo, estamos todos perdidos. Não preciso nem olhar para você para saber o que quer, não preciso olhar para nada para saber aonde ir, mesmo que não deva ir, não deva desenlaçar o que há entre nós, pois sou a raiz, sou o vaso primordial, sou o que lhe mantém em pé.


Me, I'm your fucking foundation and I can sever you up, I can tear you apart.




Mas vez em quando me pego a pensar: se o amor é a base que sustenta o mundo, por que vivo perdendo o equilíbrio?

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