Sunday, 13 September 2009

In my ears and in my eyes

Um ode à irresponsabilidade.


Onde foi que eu meti mesmo? Ah, aqui está:


Fotografia de canos e pedras e coisas miúdas que rastejam à sua volta. Fotografia de rostos e gatos na encosta. Fotografia de distâncias e tempos e climas, de cantos e encantos. Fotografia de livros e crianças e mendigos e de galhos tão longos que sem-volta. Fotografia de um céu quase vertical, quase um cartão-postal, pena que as cores eram outras. Fotografia de coisas que falam muito e outras que não dizem nada. Fotografia de uma cama vazia, olhos opacos e sorriso sem dentes. Fotografia de uma música, meio que uma sinestesia momentânea, mas os olhos meus são os únicos que escutam. Fotografia de letras e mais letras, inúteis todas elas, como são tolas as palavras, os significados e as possibilidades da escrita e da fala, quando o mundo inteiro em volta te pede, te chama, proclama seu nome em silêncio por esses corredores infinitos da alma. Mas calma, mas calma, pois num piscar de olhos, os seus e os meus olhos, de repente se desencontram e tudo muda e nada do que tenho aqui, nem essa foto aqui de um sapatinho mágico de vidro bem aqui, trará de volta aquela imagem sua ao telefone, aquela que esqueci, aquela que faltava para fechar esse ciclo e trazer de volta a foto que perdi, aquela de um prato branco limpo, seu rosto refletindo nele.

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