How will my story ever be told now?
One light goes off, then another and another and infinite and beyond, I don't think I will ever understand.
Pouco me importa agora, já tão tarde, já tão embrenhado em mim, o quão pouco poético, o quanto irei estragar minha forma de escrita, as espectativas dos outros, seja o que for que colocaram em um pedestal a meu respeito, o quão adolescenteburguesabêbadachatarepetitiva eu vá parecer. Posso dizer, já li sobre isso em um livro/blog/direct message/e-mail/carta/correio elegante, já ouvi falar sobre quando os outros resolvem com um banho quente, bebida destilada ou sexo com desconhecidos, eu não sou assim. Doe-me admitir tanta coisa e o 'eu não sou assim' é o que limita e doe mais. Não posso ser essa ideia que tem de mim, tá difícil, entende? Outra coisa, é perceber que ao tentar girar na roda que gira e gira até você vomitar da vida pra fora, descobrir algo que me inquieta durante as tardes e noites em que me encontro só; sacrifico a mim mesma muito mais do que os outros.
Você pode cansar, desistir, dançar e se enroscar em outras ou em em outros, ser patético, o que eu quero dizer, ah, que bem irá fazer?
Como é insuportável, você nem se importa, mas como é insuportável, ter que me desviar das horas até o momento em que o dia tropeça e se espatifa em noite para que enfim eu consiga me dilacerar cega, absolutamente estúpida, tentando viver no agora, no tudo, mas tendo que me condicionar a viver no nada, sem ter ao menos o meu coração me esperando na esquina, e por quê?
“Cruzo o rio, é já quase noite. Vejo esse poente como o desbotar do último sol. A voz antiga do Avô parece dizer-me: depois deste poente não haverá mais dia. E o gesto gasto de Mariano aponta o horizonte: ali onde se afunda o astro é o mpela djambo, o umbigo celeste. A cicatriz tão longe de uma ferida tão dentro: a ausente permanência de quem morreu. No Avô Mariano confirmo: morto amado nunca mais pára de morrer.” Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra – Mia Couto
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