
I've got so much to plant before I go e se eu conheço a solidão, já é muito. Construo frases, qualquer língua serve, não tenho frescuras ou ufanismos, descrevo em minha mente todas ruas da cidade, mas não sou a contadora de histórias que fui quando mais nova. É o que há de mais frustrante aqui. Estou mergulhada em distrações, internalizações, especulações, dúvidas, e nesse caos, ainda teimo em tentar explicar o incomunicável, os anos perdidos, os anos inteiros que vivo cada vez que olho nos olhos dos outros. Teimo em sorrir as luzes do dia e sobrevoar as da noite, e mesmo agora sinto a luz aflita da tarde a queimar-me a nuca, - em um ardor sofrido de estar viva, em um desejo irreparavelmente, inexoravelmente desejado - e penso que, apesar desses tempos sombrios que vivemos, sobreviveremos a semana. Garanto, já é muito, vezemquando, faço mirrados pedidos, quase que todos desatentos e eles debulham-se de mim, falidos. Saiba, isso é revolta. Não quero mais a chance remota, expectativas de um futuro brilhante, de um amor que irá me salvar, mesmo que eu acredite no amor e em toda a sua capacidade transformadora/absolutora/aniquiladora, não quero a salvação, tampouco me esquecer em algum canto para o qual não sei retornar.
Ainda é difícil, o orgulho me engasga as palavras... Passo a reviver certos detalhes, enfim demonstrar algo além de mãos vazias e olhos presos no horizonte... Ontem, arranquei uma lima-da-pérsia do pé e a atirei no abacateiro ao longe, tão longe, lembrei da necessidade de velocidade da minha geração. Pensei naqueles dias, todos os dias, eternos e imutáveis agora, em que fiz planos para ter um caminho a que seguir, quando deveria ter percebido que seguir é o caminho. Lembrei de você correndo para atravessar a rua, quase que dançando um tango da morte por entre os carros, só para chegar ao outro lado mais rápido, meus parabéns, guri, ganhou três segundos de vida e o que fará com eles? Esperará até eu conseguir atravessar, e desculpa a demora, ando perdendo-me no som das águas internas que rebatem em mim e destroem o mundo em volta. Velocidade para quê? Você não parecer viver, só vive de correr. E eu? Dou vaga atenção àquela antiga frase borrada, escrita na primeira página do diário do adolescente melancólico, "Estou apenas procurando me encontrar", pois acredito piamente que as pessoas, afinal, procuram somente (imediatamente/letargicamente) ser encontradas.
E é assim, eu num tropeço, você num sobressalto, que nos encontramos de novo... no chão, nas linhas em branco, nos corredores da memória atenta, ahhhh, de tudo isso, confesso: há coisas que nem os disfarces podem ocultar.
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