Sou bem possível e a aparente angústia que lê aqui é só a droga corrente que derrubo garganta abaixo para me manter sã. Estou bem acordada agora, e não, essa visão de que estou encalhada entre as pedras e de que tenho medo de mudar, não é real.
O menino que desce as escadas correndo e, tropeçando no cadarço solto, esfola o joelho e as palmas das mãos, os caminhos que se encontram e se descobrem quando se caminha para ir ao centro ou se dá um retorno na rua errada, o pão e circo que foi arrancado das pessoas que vagam pela rodoviária agora que os jogos acabaram, a segunda que era um domingo e desabrochou em terça, eu girando e girando na cadeira e prendendo a respiração para não vomitar, os olhos que nos faltam e sempre faltarão, a constatação de quão sem propósito é ler este livro, concluir este trabalho, mandar este texto, atender àquela ligação, tentar desviar o olhar, a vontade de desistir de tudo e começar de novo para desistir de tudo e não entender mais nada, a confortante constância (como sinto falta em minha vida) das ondas do mar, as linhas de veias interligadas sem fim à minha ideia de você, isso é real, tão real que, às vezes, encosto a testa na porta da geladeira, fecho os olhos, me abraço em um aperto febril e penso coisas aleatórias como "goiaba", "haizara", "these are the memorials and pledges of the vital hours of a lifetime", "tempo, tempo, tempo", e tento ser um pouco menos, tento não imaginar nada além.
Compreendo o cansaço a indecisão a fome dos homens a embriaguez redentora e isentora como abro as mãos abro os braço e ofereço um pouco de mim ao mundo. Acontece, rapazes, que chegou a hora de compreenderem que minhas veias também são azúis.
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