Deito-me no asfalto em plena avenida, um sorriso colado no rosto, os pés em direção às estrelas, a lua nua à espiar. Morcegos atravessam a noite sem reparar minha presença despencando aqui em baixo. Uma noite clara, exata, quase uma queda vertiginosa derramada no chão.
Lembro-me de casa, da piscina com seu cobertor de folhas, do gato solto pelo jardim, das músicas lentas que sempre embaram minhas noites quentes, penso em meu terraço, meu santuário.
Nada das coisas com as quais sonha, encontrarão você. Sim, você pode se esconder no coração das palavras, na neblina tonta desses dias úmidos. Pouco me importa. Ah, e diz não me ver, mas conheço toda a realidade por trás dessas frases rasas.
Eu? Também não posso lhe esperar, vou adiante onde um outro poeta me queira. Nunca podemos esperar ou nos desesperar, o cosmos nada espera. E as leis que sigo são tão antigas quanto as estrelas, talvez nunca compreenda.
Durante a noite, você galopa e volta para mim, veja, cometas como testemunhas, a lua a esmurrar contatos. Sonha com a noite como se eu fosse ela e com o quase quase quase que quase aconteceu.
Tropeço fácil e caio de quatro, o chão também é misterioso e escuro feito o espaço.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment