Wednesday 20 October 2010

Dawn of our times

Fecha os olhos, solta uma risadinha, enfia o punho na manteiga e se pergunta, por que não hoje?

Afinal, vive-se hoje em um mundo de homens covardes, infantis, frios e de mulheres artificialmente poderosas, vive-se num mundo pidão, num mundo-criança-mimada-batendo-os-pés-no-chão-de-raiva, vive-se em um mundo onde o tédio é a gasolina da rotina, onde o amor é conveniente e prático e morto como nossa presente vida urbana - não que "a paz" do campo seja melhor - , onde há tanto profissionalismo, tanto pragmatismo, tanto dogmatismo nas artes que perdeu-se a possibilidade de ser inútil e belo. Ao mesmo tempo em que muito da arte se tornou inútil e belo por comodidade apenas, não por paixão.

Aceito que não sei, porque sei de tudo mesmo não entendendo nada. Não escrevo coisa com coisa, não filosofo o que for, me recuso a seguir as estruturas, porque não preciso, não quero fazer sentido, compreender o sentido ou viver em uma realidade extremada e completamente forjada a qual os aleijados emocionais se convenceram a chamar de vida. Questiono para viver humanamente, não para entender a vida.

Desejo apenas que seja bonito com o conceito de beleza que me cabe e que me é devido, pois sim desejo que os beijos inconsoláveis e as lágrimas de desculpa e de muita culpa e os leiçóis no pé da cama e o corpo-personagem-de-meus-cantos sobre o meu corpo e que a noite, as luzes, a chuva enlacem e desenlacem todos os dias daqui em diante, isso que eu não entendo, mas que é meu, eternamente meu.

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