A árvore da vida, de última, pariu um terrível carneiro; sem pêlos, o mais puro cordão umbilical ensanguentado, sem visão ou remorso de viver.
Percebo sua incômoda presença em todos os cômodos, aqueles pequenos olhos enxergando um oblívio interior.
Não durmo desde o verão passado.
Arrasto os pés descalços pelo jardim, - já imagino as unhas encardidas de terra, impossíveis de limpar - , pelo jardim como quem caminha à forca, desviando dos morcegos, sendo louvada pelas cigarras, pelas pitangas, pela mangueira furada, pelos perdidos, carcomidos, jovens embrutecidos da seca. Esbarro em uma lima-da-pérsia e assim decido que a ira é o único sentimento que reconheço. Essa ira me faz desejar uma caldeira descomunal, uma terrível boca-do-diabo que destrua o carneiro, as limas, os morcegos, o inverno, a ácida mordida da solidão, minhas frases e fases desmontadas.
Ah, um salve a todos nós, os provincianos, juntamente com nossas deliciosas e insólitas supertições!
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