Tenho alívio da literatura que leio, não a compreendo. Sobe-me uma dor na espinha quando vejo pessoas caçando em livrarias, livrarias são para mim boeiros chafurdados de dejetos disformes da mente humana. Ser um elefante seria a paz, ser um peixe até, afundar-me no invisível, no impassível, no que é por não saber não ser.
Meu passado é da cor branca da minha ignorância. Não que eu mantenha a minha ignorância como um troféu de consolação como faço com o meu passado, só admito que essa ignorância vem de um impulso de não entender a vivência e poder ser leve, mais do que a incapacidade de entender. A única coisa que desejo mais do que tudo é enfiar as unhas na carne, ferver o seu, o meu sangue e sentir e não há o que entender aí, não tem explicação. Acato a tudo que meu insano coração comanda, soluço no escuro, rasgo com os dentes as cortinas e exponho o mundo aos bastidores de meus sonhos.
Você quer sim e me dá uma secura.
O que é o para sempre senão uma vontade de fazer as coisas parecerem sólidas?
Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo... - Caio Fernando Abreu
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